Atentados do Estado Islâmico deixam 34 mortos e 200 feridos em Bruxelas

AFP

Atentados coordenados no aeroporto e no metrô de Bruxelas deixaram nesta terça-feira ao menos 34 mortos e 200 feridos, em um novo ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico no coração da Europa, onde as autoridades lançaram uma caçada humana aos atacantes sobreviventes.

Duas explosões aconteceram na área de embarque do aeroporto internacional de Zaventem, a nordeste da capital belga, com um balanço provisório de pelo menos 14 mortos e 96 feridos, segundo o corpo de bombeiros.

Cerca de uma hora depois, outra explosão no metrô de Bruxelas, na estação Maalbeek, em pleno coração do bairro europeu, deixou "provavelmente 20 mortos e 106 feridos", afirmou o prefeito da cidade, Yvan Mayeur, em uma entrevista coletiva.

Segundo o procurador federal da Bélgica, Frederic Van Leeuw, provavelmente dois homens-bomba atuaram no aeroporto de Bruxelas e o terceiro atacante está sendo procurado.

Buscas estão em andamento e testemunhas são interrogadas, afirmou o procurador em coletiva de imprensa. Segundo a procuradoria, uma bomba com pregos, produtos químicos e uma bandeira do Estado Islâmico foram encontradas em operações na comuna de Schaerbeek, em Bruxelas.

A polícia belga já tinha lançado um chamado a testemunhas para reconhecimento de um suposto autor do ataque ao aeroporto.

Foi publicada na conta no Twitter @police_temoin a foto de um homem com uma camiseta branca e chapéu preto empurrando um carrinho de bagagens no aeroporto, acompanhada da frase: "#Terrorismo. Quem reconhece este homem?".

Mais cedo, as autoridades tinham divulgado uma foto do mesmo homem, acompanhado de outros dois que também empurravam carrinhos de bagagem e usavam uma luva preta na mão esquerda.

As autoridades encontraram, ainda, uma terceira bomba que não explodiu no aeroporto. O artefato foi destruído em uma explosão controlada.

"Temíamos um atentado terrorista e aconteceu", afirmou o primeiro-ministro Charles Michel em uma entrevista coletiva, na qual pediu à população "tranquilidade e solidariedade".

Michel chamou os atentados de "cegos, violentos e covardes", que deixaram "muitos mortos, muitos feridos graves".

Ataque do califado

Em discurso transmitido pela TV, o rei dos belgas, Filipe, declarou que "este 22 de março nunca será um dia como os outros".

Os atentados foram reivindicados em um comunicado do grupo Estado Islâmico, difundido na Internet.

"Uma célula secreta de soldados do califado (...) realizou um ataque contra o estado cruzado da Bélgica, que está lutando contra o Islã e seu povo", afirmou.

Os atacantes usavam coletes e artefatos explosivos, assim como metralhadoras, destacou o comunicado, acrescentando que "detonaram seus coletes" em meio às vítimas no aeroporto e no metrô.

O comunicado também advertiu que os países que combatem os extremistas têm "dias obscuros pela frente".

Mais cedo, a agência de notícias Aamaq, vinculada ao EI, tinha noticiado que "combatentes do Estado Islâmico lançaram uma série de atentados com cintos explosivos e dispositivos na terça-feira contra um aeroporto e uma estação de metrô no centro da capital belga, Bruxelas".

As explosões desta terça-feira acontecem após a detenção, na sexta-feira, em Bruxelas, de Saleh Abdeslam, principal suspeito dos ataques terroristas de Paris em novembro, que deixaram 130 mortos, após quatro meses de fuga.

Mas, para o procurador federal belga, é muito cedo para estabelecer vínculos entre os ataques de Bruxelas e os de Paris.

Tiros e gritos em árabe

"O teto caiu, havia um cheiro de pólvora", contou à AFP Jean Pierre Lebeau, um francês que acabara de chegar de Genebra, em alusão às duas explosões quase simultâneas registradas no aeroporto pouco após as 08h00 locais (04h00 de Brasília).

"Um homem gritou palavras em árabe e escutei uma grande explosão", disse à AFP Alphonse Lyoura, que trabalha no setor de bagagens dos voos para a África.

"Era um pânico geral.

Eu me escondi e esperei cinco, seis minutos. Algumas pessoas vieram me pedir ajuda", acrescentou, mostrando as mãos ensanguentadas.

"Ajudei ao menos sete feridos. Tiraram cinco corpos que já não se moviam. Muitos perderam as pernas".

Uma hora depois do ataque ao aeroporto, centenas de pessoas ainda eram retiradas do local.

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram cenas de pânico, com centenas de passageiros fugindo do terminal, em meio à fumaça e vidros quebrados.

Horror no metrô

Quase uma hora depois dos ataques no aeroporto, outra explosão foi registrada em uma estação de metrô de Maalbeek, quando muitas pessoas entravam no local. A estação fica no coração do bairro das instituições europeias.

O prefeito Mayeur afirmou que a situação no metrô era "caótica", com um "trabalho importante para identificar as vítimas" e um balanço provisório.

No momento da detonação, outra composição entrava na estação em sentido contrário.

"A explosão foi muito violenta, a ponto de derrubar três muros em um estacionamento subterrâneo da estação", afirmou o porta-voz dos bombeiros.

Um jornalista da AFP observou do lado de fora da estação 15 pessoas, com os rostos ensanguentados, recebendo atendimento médico.

Imagens da TV mostraram um vagão de metrô completamente destruído.

Reforço da segurança

Os 28 líderes da União Europeia, assim como os titulares das instituições europeias, afirmaram em um comunicado conjunto pouco habitual que os atentados são "um ataque à nossa sociedade democrática aberta".

O ministro belga do Interior, Jan Jambon, elevou o alerta de ameaça terrorista no país ao nível máximo.

Em meio ao estado de alerta e a grande confusão, membros do esquadrão anti-bombas do exército detonaram um pacote suspeito no aeroporto.

O canal de televisão VTM informou que se tratava de um colete de explosivos.

As autoridades belgas fecharam o metrô, o aeroporto, o serviço de bondes, ônibus, assim como as principais estações ferroviárias da capital. O aeroporto permanecerá fechado na quarta-feira.

A Comissão Europeia pediu aos funcionários que não compareçam ao trabalho ou permaneçam nos escritórios.

O centro de crise do governo belga solicitou aos moradores de Bruxelas que permaneçam em casa.

As autoridades também reforçaram a vigilância nas centrais nucleares do país com "medidas de segurança adicionais", informou à AFP um porta-voz da Agência Federal de Controle Nuclear (AFCN).

Ao mesmo tempo, as autoridades de vários países europeus reforçaram a segurança em seus aeroportos e fronteiras. Grã-Bretanha, França, Alemanha, Holanda e Dinamarca anunciaram a intensificação dos controles.

Além disso, a linha Eurostar, que liga Paris e Londres com Bruxelas por trem, suspendeu as viagens à capital belga.

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