O presidente Unidos Barack Obama inicia nesta quarta-feira uma visita à Argentina, onde buscará abrir um novo capítulo nas relações bilaterais, marcada na última década por atritos com os governos de centro-esquerda dos Kirchner. O presidente anfitrião deu as boas-vindas a Obama na porta da Casa Rosada, sede do governo. Muito sorridentes e trocando impressões, posaram para fotos e iniciaram uma reunião particular.
Os dois governos assinam nesta quarta acordos nos campos da segurança, combate ao crime e lavagem de dinheiro, comércio, investimentos e, inclusive, uma declaração conjunta em apoio à OEA e ao sistema interamericano de direitos humanos.
A visita de Obama à terceira economia latino-americana marca o apoio de Washington às mudanças impulsionadas pelo governo liberal de Mauricio Macri, com quem prestará na quinta-feira uma esperada homenagem às vítimas da ditadura no país (1976-83), o que coincide com os 40 anos do golpe de Estado. A Argentina, por sua vez, espera a admissão do questionado papel dos Estados Unidos no golpe militar de 1976.
Uma polêmica gira em torno da data da visita, já que em 24 de março os argentinos recordam os 40 anos do golpe militar que iniciou um sangrento regime, apoiado na ocasião pelos Estados Unidos. Antes de sua chegada, a Casa Branca anunciou a abertura em breve dos arquivos militares e de inteligência relacionados a este período da história argentina.
Nesta quarta, o Vaticano também confirmou a abertura em poucos meses dos arquivos relativos à ditadura militar na Argentina por vontade do papa Francisco. A abertura dos arquivos com cartas, relatórios da nunciatura, testemunhos e documentos sobre esses anos obscuros da história da Argentina fornecerá elementos importantes para esclarecer muitos casos de desaparecidos.
Antes de partir para a Argentina, Obama sepultou a Guerra Fria com Cuba com um emotivo discurso de reconciliação, a favor da mudança e da liberdade de expressão na ilha comunista.
Obama e Macri darão uma coletiva conjunta no início da tarde e depois participarão em um jantar de Estado no Centro Cultural Kirchner, uma das últimas obras públicas inauguradas pela ex-presidente Cristina (2007-2015). "Acho que a Argentina é um bom exemplo de uma mudança que ocorreu nas relações dos Estados Unidos com outros governos e países em geral", afirmou Obama à CNN em espanhol há uma semana.
Depois de elogiar Macri como "um presidente que reconhece que estamos nesta era" e que "olha para o futuro", disse que, apesar de manter uma relação cordial com Kirchner, "suas políticas de governo eram sempre antiamericanas". "Creio que ela recorria a uma retórica que data provavelmente os anos 60 e 70", afirmou Obama.