Três dos quatro responsáveis pelos atentados em Bruxelas foram identificados nesta quarta-feira, todos vinculados aos ataques de Paris, no dia seguinte à ação contra a Bélgica, que prestou homenagens às vítimas.
Ao cair da noite, centenas de pessoas se reuniram, com velas nas mãos, em frente ao aeroporto de Bruxelas, não muito longe da parte afetada pelos ataques.
A Praça da Bolsa, no centro da capital, se tornou espontaneamente no epicentro das homenagens e no memorial improvisado às vítimas, repleto de mensagens, bandeiras, velas e flores.
O país fez um minuto de silêncio em memória às 31 vítimas fatais e aos 270 feridos, segundo um boletim ainda provisório.
Três suicidas, quatro atacantes
As autoridades identificaram primeiro dois irmãos, Khalid e Ibrahim El Bakraoui, como dois dois atacantes suicidas. Depois, uma fonte policial informou à AFP que o terceiro suicida era Najim Laachraoui, suposto armeiro do grupo.
As três pessoas identificadas estão vinculadas aos atentados de 13 de novembro, em Paris, reivindicados, assim como os de Bruxelas, pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A polícia divulgou na terça-feira a imagem captada pelas câmeras de segurança do aeroporto em que se vê três homens. Dois foram identificados como os homens-bomba Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui.
A terceira pessoa "deixou uma bolsa com a carga explosiva mais importante, que estourou depois, devido à instabilidade dos explosivos", quando o esquadrão antibomba estava no local, informou o procurador-federal Frederic Van Leeuw.
A polícia lançou uma operação de captura para tentar encontrar o suspeito, que seria o quarto integrante do grupo.
Em Schaerbeek, de onde partiram os três atacantes do aeroporto, a polícia fez uma buscas em um apartamento onde se encontrava uma oficina para fabricar explosivos e uma bandeira do grupo Estado Islâmico.
"As buscas (...) permitiram descobrir 15 quilos de explosivos tipo TATP [altamente instável], 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, detonadores, uma valise repleta de pregos e parafusos, bem como material destinado a confeccionar artefatos explosivos", disse o procurador.
Em uma lata de lixo na mesma rua foi encontrado também um computador com um "testamento" de Ibrahim El Bakraoui, no qual ele dizia "não saber o que fazer" e afirmava temer estar sendo procurado "por todas as partes".
Conexão com os atentados de Paris
Na segunda-feira, a procuradoria tinha emitido uma ordem de captura para Najim Laachraoui, um marroquino de 24 anos, criado em Bruxelas. A procuradoria o identificou como um dos cúmplices dos grupos que realizaram os ataques em Paris.
As autoridades acreditam que ele tenha viajado para a Síria em 2013. No ano passado, foi revistado na fronteira austro-húngara em um carro, juntamente com Abdeslam. Seu DNA foi encontrado em explosivos usados nos atentados de Paris.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou que Ibrahim El Bakraoui foi detido perto da fronteira síria em junho de 2015, sendo deportado para a Bélgica, após uma advertência àquele país de que se tratava de um combatente jihadista.
O governo belga não pôde comprovar estas informações, acusou Erdogan.
A Bélgica se recusou a comentar estas alegações, que agora ameaçam alimentar a polêmica sobre a responsabilidade dos serviços de segurança.
Luto nacional
Foram decretados três dias de luto nacional pelas autoridades do reino. Ao meio-dia, o rei Filipe e a rainha Matilde fizeram um minuto de silêncio juntamente com o premiê belga, Charles Michel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Na praça da Bolsa, um aplauso desafiador se seguiu ao minuto de silêncio em memória das vítimas.
Em frente ao aeroporto de Bruxelas, as pessoas desenharam corações com as velas na calçada, constatou a AFP. Outros depositavam flores. Muitos funcionários das empresas que operam no aeroporto estavam presentes.
Fechado nesta quarta-feira, o aeroporto não operará voos comerciais "pelo menos até o sábado", indicou à AFP uma porta-voz do operador Brussels Airlines. As bombas destroçaram a sala de embarque internacional.
Da Argentina, onde faz visita de Estado, o presidente americano, Barack Obama, que pediu unidade "contra o terrorismo", identificou como sua "prioridade principal" "derrotar o Estado Islâmico e eliminar o flagelo desta barbárie".
Na quinta-feira, os ministros do Interior dos 28 países-membros da UE se reunirão em Bruxelas em caráter extraordinário. Na sexta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, irá prestar sua homenagem.