Suspeito indiciado na Bélgica pode ser terceiro homem de atentados em aeroporto

AFP

As operações para "aniquilar" a rede extremista responsável pelos ataques de Bruxelas e Paris registaram um avanço importante neste sábado, com o indiciamento pelas autoridades belgas de um suspeito que poderia ser o terceiro autor do atentado no aeroporto da capital belga.

Detido na quinta-feira à noite com duas outras pessoas "em frente à porta" da procuradoria federal, cujos escritórios estão localizados no centro de Bruxelas, ao lado do Palácio da Justiça, o suspeito identificado por fontes próximas à investigação como Faisal C.

é a primeira pessoa indiciada como parte da investigação sobre os atentados de terça-feira, que fizeram 31 mortos e 340 feridos, destes 62 ainda estão em estado grave.

Ele foi acusado de assassinatos terroristas e participação em atividades de um grupo terrorista, e colocado em detenção, segundo um comunicado da procuradoria.

As autoridades ainda não o identificaram como sendo "o homem de chapéu" que aparece nas imagens das câmeras de segurança do aeroporto Zaventem ao lado dos dois homens-bomba antes das explosões.

Mas "é uma hipótese que está sendo trabalhada pelos investigadores", assegurou uma fonte próxima da investigação.

Este terceiro homem, que empurrava um carrinho de bagagens ao lado de Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui, todos os dois ligados aos atentados de 13 de novembro em Paris, teria abandonado uma bolsa cheia de explosivos no aeroporto antes de partir do local, segundo o procurador Frédéric Van Leeuw.

A carga explosiva deixada por ele não explodiu no momento do duplo atentado suicida.

Um outro suspeito não identificado é procurado pelas autoridades por aparacer, em imagens de segurança, com uma mochila perto do homem-bomba do metrô de Bruxelas, Khalid El Bakraoui, o irmão de Ibrahim.

Na Alemanha, as autoridades descartaram que dois homens detidos nos últimos dias tenham conexão real com os atentados de Bruxelas, conforme as suspeitas iniciais.

Reabertura do aeroporto adiada

Desde os ataques de 13 de novembro, o mais mortífero jamais cometido na França, com 130 mortes, reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), um outro belga, Mohamed Abrini, suspeito de ter tido pelo menos um papel logístico nos atentados, também é procurado.

Com mais de trinta homens mortos ou presos, a rede que cometeu os assassinatos em Paris e em Bruxelas "está prestes a ser aniquilada", garantiu na sexta-feira o presidente francês, François Hollande. Mas "existem outras redes" e "há sempre uma ameaça", acrescentou.

A França afirma ter frustrado um plano de ataque "em estágio avançado" ao prender na quinta-feira o francês Reda Kriket, um ex-ladrão de 34 anos. Fuzis e explosivos foram encontrados em um apartamento nos subúrbios de Paris depois de sua prisão.

Mais uma vez, os movimentos jihadistas francês e belga parecem estar intricados entre si. Kriket havia sido condenado à revelia no ano passado na Bélgica no julgamento de uma rede de recrutamento jihadista para a Síria, durante o qual um dos principais réus era o belga Abdelhamid Abaaoud, um dos supostos mentores dos ataques de 13 de novembro.

Neste contexto, Rabah N., preso na sexta-feira em conexão com a investigação do projeto de ataque frustrado esta semana na França, também foi acusado de "participação em um grupo terrorista", segundo a procuradoria federal belga.

A prisão provisória de outro suspeito, Abderamane A., foi estendida neste sábado por 24 horas.

A capital da União Europeia tem vivido ao ritmo das operações policiais, e a normalidade tarda a ser retomada quatro dias após os ataques.

As autoridades que administram o aeroporto Zaventem, de Bruxelas, disseram neste sábado que após examinar a estrutura do terminal atingido pelos atentados, determinaram que ela está "estável".

O aeroporto, no entanto, não deverá reabrir antes da próxima terça-feira, até que se reparem os danos e implementem novas medidas de segurança. A atividade será retomada de forma parcial.

As autoridades belgas continuam a ser pressionadas, criticadas por não terem agido para prender os suspeitos antes que atacassem.

Onze nacionalidades

Para lançar luz sobre estas redes, os investigadores franco-belgas esperam muito de Salah Abdeslam.

Principal suspeito dos atentados de Paris, preso na semana passada em Bruxelas depois de mais de quatro meses.

A justiça francesa pede sua extradição, à qual ele não se opõem mais, como fazia num primeiro momento.

Enquanto isso, o difícil trabalho de identificação das vítimas continua. Vinte e quatro pessoas foram identificadas até o momento, incluindo onze cidadãos de oito nacionalidades - entre eles dois americanos, um francês, um britânico, uma italiana e três holandeses.

Os belgas, abalados pelos ataques mais mortais no reino desde 1945, reúnem-se todos os dias desde terça-feira na Place de la Bourse, no coração da capital, para demonstrar sua resistência ao terrorismo. Velas, pequenas palavras escritas a giz na calçada e flores transformaram a praça em um memorial às vítimas dos ataques.

No domingo, uma "marcha contra o medo" estava programada para percorrer a praça depois de um novo "encontro cidadão" para, segundo os organizadores, "ressaltar a importância de 'viver juntos' e da solidariedade" e para "mostrar àqueles que querem nos vencer que permaneceremos de pé".

Contudo, as autoridades belgas evocaram "razões de segurança" para adiar a marcha em "algumas semanas".

Neste sábado à noite, o cantor francês Johnny Hallyday visitará Bruxelas para um show simbólico. Uma estrela, a americana Mariah Carey, cancelou um show previsto para domingo na capital belga, evocando preocupações em matéria de segurança.

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