Islamabad – Uma facção paquistanesa dissidente do grupo Taleban reivindicou a responsabilidade pelo atentado ontem a um parque em Lahore, no Leste do país, que deixou pelo menos 69 pessoas mortas e outras 300 feridas. A facção, conhecida como Jamaat-ul-Ahrar, informou, por meio de seu porta-voz, Ahsanullah Ahsan, que o ataque suicida tinha como alvo a comunidade cristã da região.
A explosão ocorreu perto de um brinquedo para crianças no parque Gulshan-e-Iqbal, disse o chefe de polícia local, Haider Ashraf. Várias famílias deixavam o parque no momento do atentado, de acordo com Ashraf. Um homem que não se identificou disse que caminhava com a família quando ouviu uma grande explosão, que levou ele, sua mulher e seus dois filhos para o chão.
Segundo o porta-voz dos serviços de emergência Deeba Shahnaz, entre os feridos há 50 crianças e várias mulheres, muitos bastante feridos. “Requisitamos a ajuda do Exército. Militares estão ajudando no resgate e na segurança”, indicou. O chefe do Estado-Maior do Exército, general Raheel Sharif, presidiu uma reunião de alto nível para coordenar a resposta ao atentado suicida.
O parque Gulshan-e-Iqbal, muito popular, estava especialmente cheio ontem, um domingo de primavera, quando a comunidade cristã celebrava a Páscoa em Lahore, cidade de 8 milhões de habitantes. Javed Ali, de 35 anos, cuja casa está localizada na entrada do parque, disse ter escutado uma enorme explosão que destruiu as vidraças de sua residência. “Tudo tremeu, as pessoas gritavam e havia poeira e fumaça por todo lado.”
CONFLITOS Em novembro de 2014, um atentado suicida dos talibãs em Wagah, na fronteira com a Índia, matou mais de 50 pessoas. Nos últimos anos, as igrejas têm sido alvos de ataques em Lahore, reduto do primeiro-ministro Nawaz Sharif, na província de Punjab.
No Paquistão, grupos islâmicos armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano, predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes. Ontem, na cidade de Rawalpindi, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 25 mil partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer.
Qadri tinha reivindicado o assassinato, alegando querer vingar Taseer, um político progressista que havia defendido Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfêmia. A manifestação de Rawalpindi não foi transmitida pelos canais de notícias, uma vez que os meios de comunicação estão sob censura crescente do Estado que não quer ver esse tipo de protesto crescer no resto do país.