O governo líbio de unidade nacional seguiu demonstrando nesta quinta-feira sua incipiente autoridade, ao tomar o controle do site das autoridades não reconhecidas de Trípoli, cujo líder se nega a abandonar o cargo.
A confusão que reina em Trípoli demonstra a fragilidade do processo para impor o governo de unidade nacional apoiado pela ONU e pelas grandes potências.
O governo de união, liderado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, conseguiu desde sua chegada a Trípoli, em 31 de março, importantes adesões, entre elas a do Banco Central, da companhia petrolífera e de várias cidades líbias.
Apesar de todos estes apoios, este governo recebeu um duro golpe na quarta-feira quando o líder da autoridade não reconhecida, Khalifa Ghweil, anunciou que não abandonaria seu cargo e pedia ao seu gabinete que permanecesse em seu posto, embora tenha dito um dia antes que deixava de exercer suas funções.
Era difícil avaliar nesta quinta-feira o apoio com o qual Ghweil conta, um engenheiro de Misrata, uma cidade situada 200 km a leste de Trípoli de onde são originárias as milícias que combateram as forças de Muamar Kadhafi em 2011.
Além dos apoios destes últimos dias, o governo de unidade conquistou uma nova vitória ao tomar o controle do site oficial governamental.
Um comunicado dirigido ao povo líbio anunciou nesta quinta-feira que "o site do primeiro-ministro" estava "a partir de agora sob supervisão do Escritório de Informação (...) do governo de unidade". A lista dos nomes do governo de Sarraj substituiu a de Ghweil.
Reunião na ONU
Em meio a este contexto incerto, o enviado da ONU para a Líbia, Martin Kobler, tem que prestar contas nesta quinta-feira ao Conselho de Segurança, em Nova York, sobre a instauração do governo de unidade.
O diplomata alemão elogiou na terça-feira em sua primeira visita ao país desde a chegada do novo governo a "valentia e a determinação" da formação de Sarraj.
A ONU e as grandes potências contam com Sarraj para estabilizar o rico país petrolífero, submetido ao caos das milícias desde a queda de Muanmar Kadhafi em 2011, e agora sob o perigo de um fortalecimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
No entanto, um retorno do país à unidade levará tempo, segundo os especialistas.
Para tentar consolidar sua autoridade, o governo de unidade ordenou na quarta-feira às instituições que peçam sua autorização para qualquer gasto. Para isso conta com o apoio do Banco Central.
Mas a incerteza impera nas administrações.
"Não vamos mais à sede do governo há vários dias porque nos pediram para não ir mais", indicou à AFP um funcionário, que pediu o anonimato.
"Ghweil também não vem há vários dias e ninguém sabe onde se encontra neste momento", acrescentou.
.