O belga-marroquino Mohamed Abrini, um suspeito-chave dos atentados de Paris, foi detido nesta sexta-feira em Bruxelas, durante uma operação que levou à prisão de outras quatro pessoas ligadas aos ataques na França e em Bruxelas, informou Thierry Werts, porta-voz da promotoria belga. "Mohamed Abrini foi detido em Anderlecht", subúrbio de Bruxelas, disse Thierry Wert em entrevista coletiva.
O suspeito foi preso durante a tarde com outras duas pessoas. Os investigadores acreditam que ele seja o "homem do chapéu" que participou do ataque ao aeroporto da capital belga e fugiu após a explosão de duas bombas.
Os investigadores determinaram que Mohamed Abrini, 31 anos, acompanhou Salah Abdeslam e seu irmão Brahim - que cometeu um dos ataques suicidas nas ruas de Paris - em 10 e 11 de novembro em duas viagens entre Bruxelas e Paris. Nessas duas viagens, alugaram os esconderijos que serviram aos extremistas de 13 de novembro.
Em 12 de novembro, um dia antes dos ataques mais mortais em território francês, foi filmado em um posto de gasolina entre Paris e Bruxelas junto a Salah Abdeslam, que acabou sendo detido em 18 de março, na Bélgica, depois de quatro meses de fuga.
Abrini cresceu no bairro belga de Molenbeek, assim como Salah Abdeslam, que se acredita ser o único sobrevivente dos comandos que atacaram Paris.
Seus antecedentes criminais incluíam roubo e posse de drogas. Os investigadores suspeitam que ele esteve na Síria. Seu irmão, Suleyman, de 20 anos, se juntou ao grupo Estado Islâmico (EI) em janeiro de 2014. Suleyman morreu oito meses depois de chegar na Síria. Ele combateu na mesma unidade que Abdelamid Abaaoud, suposto mentor dos ataques de Paris e que morreu poucos dias depois em uma operação policial na região de Paris.
Abrini também esteve, em meados de julho de 2015, na Grã-Bretanha, em Birmingham, reduto dos extremistas britânicos. As autoridades perderam seu rastro no Marrocos, até o dia que antecedeu os ataques de 13 de novembro.
Horas antes da prisão de Abrini, a polícia belga deteve outros dois indivíduos, um deles identificado como "Osama K.".
Os investigadores suspeitam que "Osama K., também conhecido como 'Naim Al Ahmed'", seja o homem que as câmaras de segurança do metrô de Bruxelas filmaram conversando com Khalid El Bakraoui antes que o último se explodisse na estação Maalbeek, no coração do bairro europeu da capital belga, no dia 22 de março.
Segundo a promotoria, Salah Abdeslam dirigiu um carro de Ulm, na Alemanha, até a Bélgica com Osama K., no dia 3 de outubro, cerca de um mês antes dos atentados de Paris, que deixaram 130 mortos.
Os investigadores querem confirmar se Osama K. foi o homem que comprou as malas em um shopping de Bruxelas utilizadas nos atentados na capital belga.
Junto com Osama K. as autoridades belgas também detiveram Hervé B.M., sobre quem a promotoria não deu detalhes.
"A investigação prossegue", acrescentou o porta-voz.
A capital belga foi usada como base pelos extremistas para organizar os ataques em Paris. Além disso, os atacantes de Bruxelas estão ligados aos autores dos ataques de Paris.
As autoridades belgas já realizaram mais de uma centena de operações desde 13 de novembro. Nelas, encontraram vestígios de DNA e impressões digitais de vários dos principais suspeitos dos ataques em Paris.
Também encontraram em um apartamento que serviu de esconderijo 15 kg de explosivo e uma oficina para fabricar bombas.