Procurado por sua suposta participação nos atentados de Paris em novembro, o belgo-marroquino Mohamed Abrini é o terceiro homem do grupo que atacou o aeroporto de Bruxelas em 22 de março, o que prova o vínculo direto entre os dois ataques. Abrini confessou sua presença durante os fatos. Ele revelou ainda que jogou seu casaco em uma lixeira e depois vendeu seu chapéu, informou a Procuradoria belga.
Na sexta-feira, a Polícia belga deteve seis pessoas no âmbito da investigação sobre os ataques em sua capital, incluindo Abrini, e os interrogatórios demonstraram a estreita cumplicidade entre todos os seus protagonistas.
A maioria dos suspeitos relacionados aos ataques de Paris e Bruxelas, que deixaram no total 162 mortos, era procedente do bairro de Molenbeek. Entre eles, estão Abdelhamid Abaaoud, que teve papel-chave em Paris, e Salah Abdeslam, detido em 18 de março.
Abrini era alvo de uma ordem de detenção europeia desde 24 de novembro, como o segundo homem mais procurado pela Polícia após os atentados na capital francesa.
Suspeito de ser colaborador logístico dos atentados de Paris, Abrini também confessou que era o "homem do chapéu", o terceiro homem que carregava malas no aeroporto e que desapareceu após as explosões. Abrini foi registrado pelas câmeras de segurança ao lado de Ibrahim El-Bakraoui e Najim Laachraoui, os homens-bomba do aeroporto.
A rede de Molenbeek
Os investigadores suspeitam de que Mohamed Abrini tenha viajado de carro com Salah Abdeslam, último sobrevivente dos comandos que atacaram Paris, e com seu irmão Brahim - que detonou sua carga explosiva nas ruas de Paris - duas vezes em 10 e 11 de novembro entre Bruxelas e Paris, pouco antes dos atentados.
De acordo com a Procuradoria belga, durante as viagens, os três alugaram os esconderijos na região de Paris utilizados pelos comandos terroristas de 13 de novembro.
Abrini foi detido no bairro de Anderlecht em Bruxelas junto com outras duas pessoas. Imagens que seriam do momento de sua detenção, divulgadas por emissoras belgas, mostram um homem no chão, agarrado por vários policiais à paisana, que depois colocam-no algemado em um carro.
Abrini cresceu no bairro belga de Molenbeek, como Salah Abdeslam, que seria o único sobrevivente dos comandos que atacaram Paris. Abdeslam está detido desde 18 de março no pavilhão de segurança máxima do presídio de Brugges, à espera da extradição para a França.
Entre os seis detidos na operação de sexta-feira, um deles é identificado como "Osama K.". Os investigadores suspeitam de que "Osama K.", conhecido como "Naim Al-Ahmed", possa ser a pessoa filmada pelas câmeras de segurança do metrô Bruxelas quando conversava com Khalid El-Bakraoui antes que este último detonasse a carga explosiva junto ao corpo na estação de Maalbeek, após os ataques no aeroporto.
De acordo com a investigação, em 3 de outubro, Salah Abdeslam levou Osama K. de carro de Ulm, na Alemanha, até a Bélgica, mais de um mês antes dos atentados de Paris.
A Polícia também espera confirmar se esta pessoa foi a mesma que comprou as mochilas usadas pelos terroristas de Bruxelas.
O suspeito identificado como Osama K. pela Justiça seria, segundo a imprensa belga, Osama Krayem, um sueco nascido em 1992 e morador de um bairro popular de Malmö. Tanto Abrani quanto Osama K. foram acusados de terem cometido "assassinatos terroristas".