Um refugiado iraniano detido em Nauru, uma ilha do Pacífico para onde a Austrália envia seus solicitantes de asilo, morreu nesta sexta-feira, dois dias depois de ter tentado se imolar durante a visita de uma delegação da ONU ao centro onde estava confinado.
A marinha australiana expulsa sistematicamente os barcos clandestinos.
Esta política custou ao país duras críticas por parte de organizações de defesa de direitos humanos, assim como da ONU.
Ainda que uma demanda de asilo seja finalmente considerada válida, a Austrália se recusa a admitir em seu território o solicitante e se propõe a realocá-lo em países com os quais fechou acordos, como Nauru, Camboja ou Papua Nova Guiné.
O iraniano de 23 anos, identificado sob o nome de Omid, ateou fogo na quarta-feira ao próprio corpo durante uma visita ao acampamento de uma delegação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Gravemente ferido, o iraniano foi hospitalizado em Brisbane. O governo de Nauru classificou seu gesto de "ato de protesto político".
Omid "morreu hoje devido aos seus ferimentos", anunciou o ministério australiano de Imigração.
"Esta nova morte trágica e sem sentido é uma consequência da desumana política australiana em matéria de refugiados", considerou Elaine Pearson, diretora da ONG Human Rights Watch para a Austrália.
"Os refugiados que fogem das perseguições em seus países não merecem uma vida no limbo de um centro de detenção ou de uma prisão em uma ilha remota", acrescentou.
Omid, casado, estava detido há três anos, segundo Aurora Adams, da associação Get Up. "Tudo o que pedia era um futuro, um lugar para construir sua vida".
A Austrália segue defendendo sua política, apesar do recente anúncio de Papua Nova Guiné de que fechará um de seus campos de retenção, em Manus.
"Impedindo o tráfico de seres humanos, impedimos que as pessoas se afoguem no mar", declarou o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull. "Devemos ser claros e mostrar determinação em nossa política nacional".
Na quarta-feira, o governo de Papua ordenou o fechamento do campo de detenção de Manus depois que o Tribunal Supremo deste país o declarou ilegal.
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