O mistério envolve as causas e o local exato do desaparecimento do Airbus da EgyptAir que viajava de Paris ao Cairo e, depois de 30 horas de busca, ainda não foram encontrados destroços do avião que caiu no Mediterrâneo.
O voo MS804 caiu no mar na noite de quarta-feira entre as ilhas do sul da Grécia e a costa mediterrânea do Egito com 66 pessoas a bordo.
As autoridades egípcias consideram que a hipótese de um atentado é a mais plausível, levando em consideração que não foram registradas mensagens de alerta por parte da tripulação antes da queda e o tempo era considerado excelente.
"Todas as hipóteses estão sendo examinadas, sem privilegiar umas sobre outras, porque não temos a mínima indicação sobre as causas", afirmou nesta sexta-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.
O ministro anunciou que se reunirá no sábado com as famílias das vítimas em Paris para "oferecer o máximo de informações com a maior transparência".
As operações de busca do avião prosseguiam nesta sexta-feira, segundo uma fonte do governo egípcio que pediu anonimato.
'Nenhum problema'
Na quinta-feira à noite, após anúncios contraditórios sobre a localização de destroços, que não eram procedentes do avião da Egyptair, o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi pediu a "todos do Estado envolvidos que intensifiquem as operações de busca".
A França anunciou o envio de três investigadores e um conselheiro técnico da Airbus ao Cairo para participar nas buscas. O Ministério Público de Paris abriu uma investigação.
O avião da EgyptAir transportava 56 passageiros, incluindo uma criança e dois bebês, sete integrantes da tripulação e três agentes de segurança, informou a empresa.
De acordo com a companhia aérea havia 30 passageiros egípcios, 15 franceses, um britânico, um canadense, um belga, um português, um argelino, um sudanês, um chadiano, dois iraquianos, um saudita e um kuwaitiano. O governo do Canadá informou que dois cidadãos do país estavam a bordo.
O avião decolou do aeroporto Charles de Gaulle de Paris pouco depois das 23h00 (hora do Egito, 18h00 de Brasília) de quarta-feira e tinha previsão de pouso no Cairo na quinta-feira às 03h05 (22h05 de Brasília, quarta-feira).
O avião, que estava a 37.000 pés de altitude (mais de 11.200 metros), "fez uma manobra de 90 graus para a esquerda e depois de 360 graus à direita, caindo de 37.000 a 15.000 pés", afirmou o ministro grego da Defesa, Panos Kammenos.
A aviação civil grega indicou que a aeronave desapareceu de seus radares às 2h29 (Egito, 21h29 de Brasília), quando já estava no espaço aéreo egípcio.
A última conversa do piloto com os controladores acontecem 20 minutos antes e ele não apontou "nenhum problema", afirmou o diretor do departamento de controle aéreo da Grécia, Constantinos Litzerakos.
Ele também disse que o piloto estava de "bom humor".
Novo desafio para o Egito
O MP de Paris abriu uma investigação porque o voo decolou da França e transportava franceses.
O desaparecimento do Airbus acontece em um momento difícil para o Egito, que enfrenta problemas de segurança e em sua economia.
O atentado contra o avião com turistas russos em 31 de outubro do ano passado provocou uma forte queda no turismo, um setor chave para a economia do país. O Egito enfrenta ainda uma ofensiva do grupo extremista Estado Islâmico (EI), principalmente contra as forças de segurança.
No dia 29 de março, um voo da mesma companhia que seguia de Alexandria para o Cairo foi sequestrado e desviado para o Chipre por um homem que desejava se encontrar com a ex-mulher. O sequestrador se entregou seis horas depois, sem deixar vítimas entre os 55 passageiros.