Análises científicas de uma adaga de 3.300 anos de antiguidade que pertencia ao faraó Tutancâmon reforçam a teoria de que o objeto teria sido feito com ferro de meteorito, segundo um estudo recente a que a AFP teve acesso nesta quinta-feira.
"A composição da lâmina, determinada com precisão graças à espectrometria de fluorescência de raios X, sustenta firmemente sua origem meteórica", diz o estudo, realizado por cientistas italianos e egípcios no Museu Egípcio, no Cairo.
Os pesquisadores descobriram que a lâmina contém 10% de níquel e 0,58% de cobalto, componentes essenciais do ferro de meteoritos.
Tutancâmon, morto aos 19 anos no ano 1324 antes de Cristo, após um breve reinado de nove anos, se tornou um dos faraós mais conhecidos do Egito Antigo graças ao seu tesouro funerário, o mais extraordinário descoberto no país.
Sua tumba, encontrada em 1922 pelo egiptólogo britânico Howard Carter, escondia mais de 5.000 objetos intactos, grande parte deles de ouro maciço.
A adaga, com cabo de ouro e lâmina de ferro, foi encontrada entre as faixas da múmia de Tutancâmon, na altura da coxa direita.
Os resultados do novo estudo, publicado em maio na revista científica americana Meteoritics and Planetary Science, estão em consonância com outro trabalho, realizado em 2013.
Na ocasião, pesquisadores escanearam um cemitério de 5.000 anos de antiguidade na região do Baixo Egito e descobriram que os objetos mais antigos já encontrados eram feitos a partir de meteoritos.
"Nosso estudo sugere que os antigos egípcios atribuíam grande valor ao ferro de meteoritos para a produção de objetos ornamentais ou cerimoniais", afirmam os autores.
"A qualidade da fabricação do punhal" demonstra que na época de Tutancâmon os egípcios já tinham um "domínio significativo do ferro ornamental", ressalta o estudo.
Segundo os cientistas, os faraós sabiam da origem meteórica do ferro que utilizavam, visto que durante a 19ª dinastia egípcia (de 1292 a 1187 antes de Cristo), surgiu um novo termo para se referir a este metal: "o ferro do céu".
"A introdução deste termo sugere que os antigos egípcios eram conscientes de que estes raros pedaços de ferro caiam do céu", posicionando-se "mais de dois milênios à frente da cultura ocidental".