Milhares de estudantes chilenos protagonizaram nesta quinta-feira em Santiago um novo protesto denominado "Não à má educação", exigindo que o governo acelere o envio ao Congresso de uma lei que estabelece a educação universitária gratuita.
Convocados pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech), os jovens protestaram na avenida Alameda de Santiago, acompanhados por um forte aparato policial.
"O governo continua sem fazer o que prometeu, a educação continua sendo um negócio, por isso continuamos na rua e vamos continuar, com água ou o que for", garantiu Manuel, um estudante de dança da Universidade do Chile.
Com bandeiras, cartazes e lenços, sob o ritmo de tambores, os estudantes marcharam por cerca de duas horas até poucas quadras do palácio do governo, o La Moneda, onde manifestantes encapuzados e policiais entraram em conflito.
Em meio aos choques com a polícia, um grupo entrou em uma igreja e destruiu uma imagem de um Cristo crucificado, ato que foi criticado por muitos dos estudantes.
"Sou contra a destruição do Cristo. Tenho empatia com quem prega um mundo mais justo. Nossa luta é por uma nova educação", disse Camila Rojas, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech) em sua conta do Twitter.
De acordo com os organizadores, o protesto reuniu cerca de 150.000 manifestantes.
A fissura em uma enorme matriz de água em uma avenida que leva ao centro da capital fez os estudantes reduzirem o trajeto da manifestação. A polícia fechou várias ruas devido a essa emergência e ao protesto, provocando um caos no trânsito do centro de Santiago.
Gratuidade já
Os estudantes pedem que o governo envie com urgência ao Congresso um ansiado projeto de lei que deverá estabelecer a gratuidade universal nas universidades, um dos pilares fundamentais da reforma educacional conduzida pela presidente Michelle Bachelet desde que assumiu seu segundo mandato há dois anos.
"O projeto está pronto para ser apresentado à presidenta, para que ela veja se há algum aspecto que ela queira agregar ou não agregar e para que possa enviá-lo ao parlamento", disse a ministra da Educação, Adriana Delpiano, em declarações à rádio Cooperativa.
O governo chileno se comprometeu a apresentar o projeto à direção da Confech para depois enviá-lo ao Congresso.
Nesse ano, cerca de 145.000 estudantes universitários começaram a estudar gratuitamente, ao mesmo tempo em que entrou em vigor uma lei que proíbe de forma gradual a obtenção de lucros e a seleção de estudantes em escolas que recebem recursos do Estado.
A reforma educativa da Bachelet busca substituir o atual sistema educacional chileno, herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e considerado um mais segregadores do mundo.
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