França e EUA expressam indignação com bombardeio em Daraya, na Síria

AFP

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, manifestou sua "indignação", nesta sexta-feira, após o bombardeio da cidade síria de Daraya durante a distribuição de ajuda humanitária.

"Assistimos a uma ambiguidade extraordinária do regime (sírio)", afirmou o diplomata em entrevista coletiva em Nova York.

"A situação é dramática, porque o regime, apesar de suas declarações, escolhe dia após dia continuar atacando seu próprio povo", completou.

Na noite de quinta-feira (9), um comboio de ajuda alimentar entrou em Daraya, pela primeira vez desde 2012, no início do cerco (por parte do governo sírio) dessa cidade rebelde.

A localidade fica perto de Damasco.

"Já não há cessar-fogo, é preciso dizer isso. Há tiros e bombardeios diários com barris de dinamite que vão diretamente nos civis", denunciou Ayrault.

"Minha reação é uma reação de indignação, a ponto de não conseguir encontrar palavras para descrevê-la", completou o ministro.

"Insistimos, durante semanas e semanas, para que a ajuda humanitária chegasse a essa cidade, que é uma cidade mártir, (...) o regime termina dizendo sim", lembrou.

"Mas o acesso começa, e os bombardeios são retomados, o que demonstra a ambiguidade desse regime", acrescentou.

Para Ayrault, essa "é uma razão a mais para retomar a via política com grande determinação", no âmbito do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GISS), que envolve as grandes potências, "para ver o que podemos fazer de realmente eficaz".

"Terei a oportunidade de voltar a discutir com meus aliados europeus, americanos e russos o mais rápido possível, porque há urgência", expressou.

O governo americano também reagiu, acusando o governo sírio de bombardear civis em Daraya, poucas horas depois de seus habitantes receberem ajuda.

"O regime sírio lançou múltiplos ataques com 'bombas de barril' em Daraya esta manhã", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner.

"Obviamente, trata-se de um ataque que é inaceitável em qualquer circunstância, mas que, neste caso, é pior, pois impede a chegada e a distribuição da ajuda necessária", acrescentou.

Os Estados Unidos haviam apontado como positiva a decisão de Damasco de permitir a entrada de caravanas com ajuda humanitária a Daraya. Também chegaram a pedir que o mesmo fosse feito em outras zonas rebeldes submetidas a bloqueio pelas tropas oficiais.

Em 1º de junho, um comboio de ajuda humanitária entrou na cidade, mas sem alimentos, diante do desespero da população com fome.

Daraya foi uma das primeiras cidades a se rebelar contra o governo em 2012 e uma das primeiras a ser cercada e sitiada.

A ajuda alimentar é suficiente "para um mês", afirmou o diretor de Operações do Crescente Vermelho, Tammam Mehrez.

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