O presidente da empresa Tepco deu ordem para que não fosse utilizada a expressão "fusão no coração do reator" no momento do acidente de Fukushima, supostamente por pressão do governo, revela um novo relatório sobre a catástrofe nuclear de março de 2011.
No fim de fevereiro, a Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da central Fukushima Daiichi, confessou ter minimizado em um primeiro momento a gravidade do estado dos reatores, ao não reconhecer que três reatores estavam em fusão.
De acordo com o relatório de três advogados, elaborado a pedido da Tepco e publicado na quinta-feira à noite, a diretoria da Tepco pediu deliberadamente que a expressão não fosse utilizada.
"O gabinete do primeiro-ministro pediu que estes termos não sejam utilizados", afirmou o presidente da Tepco na época, Masataka Shimizu, às equipes, segundo o documento.
"Mas não sabemos em que termos e contexto o presidente recebeu estas ordens", afirmou o advogado Yasuhisa Tanaka, que preside o comitê de investigação.
"Não conseguimos encontrar elementos mais precisos para determinar quem no gabinete do primeiro-ministro da época, Naoto Kan, deu as instruções".
Como consequência, "a Tepco não falou de fusão até o mês de maio, mas poderia ter reconhecido nos primeiros dias, já que o diagnóstico de fusão podia ser estabelecido a partir da documentação de gestão de acidentes da companhia", insistiu Tanaka.
A resposta do atual presidente da Tepco, Naoki Hirose, não demorou.
"O comitê externo realizou uma profunda investigação durante três meses e redigiu este documento com rigor. Levamos muito a sério os resultados e vamos adotar as medidas necessárias para que algo assim não volte a acontecer", disse.