Com a candidata Virgina Raggi, o Movimento 5 Estrelas (M5S) do comediante Beppe Grillo poderá conquistar a prefeitura de Roma no domingo, no segundo turno das eleições municipais, uma prova de fogo para o governo de Mateo Renzi.
Com 35% dos votos no primeiro turno em 5 de junho, Raggi tem uma vantagem de 10 pontos sobre Roberto Giachetti, membro do Partido Democrata (PD), de Renzi.
A advogada de 37 anos "atrai sem procurar isso, é sua marca, enquanto que o passado castiga Giachetti", explica Mario Ajello, do jornal Il Messaggero.
"Tenho a impressão de que a vontade de dar uma lição nos que administraram a cidade nos últimos anos é mais forte que as tentativas do PD colocar em dúvida a capacidade de governar do M5S", acrescentou.
O último prefeito de Roma, Ignazio Marino, membro do PD, teve que renunciar no final do ano passado por uma caso de fraude de faturas.
Fundado em 2009, o M5S se converteu no segundo partido do país com 25% dos votos nas legislativas de 2013 e tenta atrair nestas eleições locais com um discurso contra a classe política, seja de esquerda ou de direita, corrupta e desonesta.
Se Virginia Raggi vencer na capital, se somará assim ao seleto grupo de mulheres que dirigem grandes cidades como Madri, Barcelona, Cidade do Cabo, Paris e Santiago do Chile.
O M5S também venceu no segundo turno em Turim (norte), onde o prefeito do PD, que ficou em primeiro lugar, é ameaçado pelo atípico posicionamento de Grillo e seus aleatórios resultados nas pequisas.
O duelo entre esquerda e direita também será travado em Milão e Bolonha, mas em Nápoles, o partido de Renzi sequer passou para o segundo turno.
Mas é em Roma em que todos os focos estão concentrados.
"Se as previsões se confirmarem, no domingo, estamos a ponto de ver um dos suicídios mais clássicos da centro-esquerda", analisa o jornal La Stampa, acrescentando que as divisões internas dominaram a campanha dos candidatos do PD.
- Populismo preocupante -
Há semanas, Renzi tenta dar pouca importância ao significado dessas eleições, recordando que são situações locais e particulares, mas não poderá ignorar a decisão de milhões de eleitores convocados a votar em 1.300 municípios.
Renzi repete que, para ele, "a mãe de todas as batalhas políticas" é o referendo previsto para outubro sobre sua reforma constitucional, depois do qual se comprometeu a renunciar em caso de fracasso.
A Europa também se mostra preocupada com o auge das forças populistas antieuropeias, como o M5S ou a Liga Norte, o primeiro partido de direita à frente da Força Itália, liderada por Silvio Berlusconi.
"O bom resultado no primeiro turno das forças antieuropeias foi recebido nos mercados com uma alta de 12 pontos do spread" (prêmio de risco), segundo Federico Fubini, jornalista econômico d Corriere della Sera.
"Uma vitória dos eurocéticos na Itália no segundo turno não passaria despercebida", acrescentou.
O segundo turno italiano acontece dias antes que o Reino Unido fará um referendo para decidir se permanece ou não na União Europeia.