Um tribunal egípcio condenou neste sábado à prisão perpétua o ex-presidente islamita Mohamed Mursi, em sua quarta condenação em casos diferentes.
O ex-presidente islamita, destituído em 2013 pelo exército, foi reconhecido culpado de dirigir "uma organização ilegal", enquanto o seu movimento, a Irmandade Muçulmana, é alvo de uma repressão orquestrada pelo regime do presidente Abdel Fatah al-Sissi, acusado, por sua vez, de instaurar um governo ultra-extremista".
No entanto, Mursi foi absolvido da acusação de espionagem, um caso em que foram condenados à pena de morte seis de seus coacusados.
Primeiro presidente democraticamente eleito no Egito, Mursi já foi condenado à morte, à prisão perpétua e a 20 anos de prisão em três casos distintos desde sua destituição e prisão.
Neste sábado, ele compareceu ante a justiça pelo suposto "roubo de documentos da segurança nacional" e por entregá-los ao Catar, segundo a acusação.
Ele foi absolvido da acusação de entrega de tais documentos por um tribunal do Cairo, mas seis dos seus co-réus foram condenados à morte, segundo um jornalista da AFP no local.
"Os acusados colocaram o país em grande perigo, e por isso merecem nada menos do que a pena de morte", declarou o juiz Mohamed Cherine Fahmy antes de seu veredicto.
O ex-presidente foi condenado por ter "subtraído documentos secretos relativos à segurança do Estado", durante o seu curto mandato de um ano, entre 2012 e 2013, informou à AFP seu advogado Abdel Moneim Abdel Maqsud.
Estes documentos incluíam "relatórios altamente sensíveis sobre o exército, o envio de tropas e armas", de acordo com os promotores.
Mursi e seu diretor de gabinete Ahmed Abdel Atti foram acusados de enviar estes documentos ao secretário pessoal de Mursi, Amine El-Serafi.
Este último teria repassado os documentos a um funcionários do canal de notícias do Catar, Al-Jazeera, e a um membros da inteligência catariana, através de intermediários.
O Catar tem condenado com frequência a repressão do regime Sissi contra os partidários de Mursi, principalmente por meio da Al-Jazeera.
Abdel Atti e Serafi foram condenado à prisão perpétua.
Nas semanas que se seguiram a destituição de Mursi, mais de 1.400 manifestantes islâmicos foram mortos. Dezenas de milhares de pessoas foram presas e centenas condenadas à morte em julgamentos denunciados pela ONU como "sem precedentes na história recente" do mundo.
"O sistema judiciário no Egito, totalmente corrompido, é agora nada mais do que uma ferramenta para a repressão das autoridades contra o que resta de oposição ou críticos", denunciou a Anistia Internacional em um comunicado, pedindo a anulação de sentenças de morte.