Do namoro que teve início na internet, no mesmo ano veio a união, celebrada em 22 de abril de 2009. Sitora Ali YuSufi, natural do Uzbequistão, e o afegão naturalizado norte-americano Omar Mateen ficaram casados por cerca de quatro meses. O conto de fadas e as promessas de felicidade deram lugar a uma relação conturbada. Em entrevista ao Estado de Minas, Sitora contou que jamais imaginou que o ex-marido fosse capaz de invadir uma boate voltada para o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), em Orlando (Flórida), e disparar um fuzil AR-15 contra os frequentadores, matando 49 pessoas e ferindo 53. "Ele, realmente, nunca deu qualquer indicação de qualquer tipo de radicalismo." Hoje, casada com um brasileiro, Sitora admite que Omar Mateen tinha tendências homossexuais. Na entrevista, feita por e-mail, a ex-mulher não citou o nome do atirador e enviou uma mensagem emotiva aos feridos e aos familiares dos mortos na boate Pulse. "Rezo por vocês todos os dias, para que sua dor não seja em vão."
Quais foram as primeiras impressões que a senhora teve de Omar Mateen ao conhecê-lo?
Ele parecia um cara perfeitamente normal... Você sabe... Charmoso, agradável, engraçado... Eu realmente jamais poderia pensar no que ele se tornou.
Por quanto tempo estiveram casados? E quais foram os primeiros sinais de que havia algo errado?
Estivemos casados por cerca de quatro meses. Em um primeiro momento, apenas percebi quão possessivo ele era e, de alguma forma, opressor. Eu era muito jovem, tinha apenas 20 anos. Honestamente, pensei que fosse algo normal. E que o casamento era aquilo mesmo. Mas, então, ele começou a se tornar agressivo, depois de um mês. Ele ficava chateado e me batia. Também não permitia que eu conversasse com minha família. Definitivamente, poderia dizer que existia uma bipolaridade aparente.
Que tipo de maus-tratos ele cometeu? Chegou a denunciá-lo?
Olha... Ele era um cara agressivo. Ele me agarrou e, umas duas vezes, bateu em mim pelo simples fato de a roupa não ter sido lavada. Nós o denunciamos quando ele me deixou ir. Ele tentou me fazer refém, e meu pai me salvou. Sinto-me muito abençoada e grata por ter sobrevivido. Agora, estou aqui com meu marido, que, como você sabe, é brasileiro.
Alguma vez ele lhe transmitiu uma indicação de radicalização? A senhora se recorda de ele falar sobre os atentados de 11 de setembro, sobre a Al-Qaeda ou o jihadismo?
Não, não mesmo. Ele ficou chocado, assim como todo o mundo, com o que ocorreu em 11 de setembro de 2001. Ele gostava de beber muito, o que não era bem aceito por sua família. Definitivamente, ele não teve qualquer conexão com essas organizações enquanto eu estava lá.
A senhora suspeita que ele fosse homossexual?
Bem, agora que as pessoas estão falando sobre isso, sim. Aparentemente, ele tinha algum aplicativo de namoro gay no celular e visitava, com frequência, uma boate gay. Mas isso é algo que ouvi da mídia. Realmente procurei ignorar isso e nunca pensei tanto nisso, até agora. Você sabe... Ele era excessivamente narcisista. Ele se olhava no espelho por horas e eu pensava que aquilo era meio bizarro.
Com base no tempo que vocês viveram como casal, a senhora já o ouviu criticar ou depreciar os homossexuais?
Sim. Definitivamente, ele tinha sentimentos muito fortes sobre homossexuais. Mas esse é o tipo de coisa que era esperado de sua cultura. Assim como o pai dele. Você sabe, é uma coisa maluca... pensar que é mais honroso morrer como ele morreu, matando “infiéis”, do que se assumir gay. Isso é definitivamente algo que espero que mude. Todas as religiões estão mudando. O papa dos católicos saiu e pediu desculpas... Por que não podemos apenas fazer o mesmo?
Que mensagem a senhora deixaria para as vítimas do massacre da boate Pulse e para os familiares?
A única razão pela qual decidi falar com a mídia foi por causa de vocês. Sinto tanto sua dor. É uma tragédia. Incrível que ainda sejamos vítimas desse tipo de loucura. É difícil encontrar palavras que possam acalmar a dor. Impossível. O que precisamos é criar um diálogo entre todas as nações do mundo. Mas rezo por vocês todos os dias, para que sua dor não seja em vão. Para que, por um milagre ou por o que quer que seja, a humanidade possa aprender a se abraçar, a abraçar as diferenças de nossas culturas e a aprender a fazer a paz entre si. Nossos corações estão ainda muito pesados. Tenho chorado muito, e nossa família tem orado por sua cura. Não existe jihad aqui... Há apenas um garoto confuso, que nunca poderia ser aceito e, realmente, não se encaixava em lugar algum. A paz vem de dentro. Nós podemos fazer a paz conosco mesmo. Aprender a nos aceitar. Nos amar. Dessa forma, talvez possamos curar esses traumas, perdoar o passado e ter esperança para o futuro. Não parece que há muito que possamos fazer. Mas, se apenas fizermos nossa parte, mudando nós mesmos, talvez possamos ajudar o mundo a mudar. É um longo caminho, mas, por que não tentar?
Quais foram as primeiras impressões que a senhora teve de Omar Mateen ao conhecê-lo?
Ele parecia um cara perfeitamente normal... Você sabe... Charmoso, agradável, engraçado... Eu realmente jamais poderia pensar no que ele se tornou.
Por quanto tempo estiveram casados? E quais foram os primeiros sinais de que havia algo errado?
Estivemos casados por cerca de quatro meses. Em um primeiro momento, apenas percebi quão possessivo ele era e, de alguma forma, opressor. Eu era muito jovem, tinha apenas 20 anos. Honestamente, pensei que fosse algo normal. E que o casamento era aquilo mesmo. Mas, então, ele começou a se tornar agressivo, depois de um mês. Ele ficava chateado e me batia. Também não permitia que eu conversasse com minha família. Definitivamente, poderia dizer que existia uma bipolaridade aparente.
Que tipo de maus-tratos ele cometeu? Chegou a denunciá-lo?
Olha... Ele era um cara agressivo. Ele me agarrou e, umas duas vezes, bateu em mim pelo simples fato de a roupa não ter sido lavada. Nós o denunciamos quando ele me deixou ir. Ele tentou me fazer refém, e meu pai me salvou. Sinto-me muito abençoada e grata por ter sobrevivido. Agora, estou aqui com meu marido, que, como você sabe, é brasileiro.
Alguma vez ele lhe transmitiu uma indicação de radicalização? A senhora se recorda de ele falar sobre os atentados de 11 de setembro, sobre a Al-Qaeda ou o jihadismo?
Não, não mesmo. Ele ficou chocado, assim como todo o mundo, com o que ocorreu em 11 de setembro de 2001. Ele gostava de beber muito, o que não era bem aceito por sua família. Definitivamente, ele não teve qualquer conexão com essas organizações enquanto eu estava lá.
A senhora suspeita que ele fosse homossexual?
Bem, agora que as pessoas estão falando sobre isso, sim. Aparentemente, ele tinha algum aplicativo de namoro gay no celular e visitava, com frequência, uma boate gay. Mas isso é algo que ouvi da mídia. Realmente procurei ignorar isso e nunca pensei tanto nisso, até agora. Você sabe... Ele era excessivamente narcisista. Ele se olhava no espelho por horas e eu pensava que aquilo era meio bizarro.
Com base no tempo que vocês viveram como casal, a senhora já o ouviu criticar ou depreciar os homossexuais?
Sim. Definitivamente, ele tinha sentimentos muito fortes sobre homossexuais. Mas esse é o tipo de coisa que era esperado de sua cultura. Assim como o pai dele. Você sabe, é uma coisa maluca... pensar que é mais honroso morrer como ele morreu, matando “infiéis”, do que se assumir gay. Isso é definitivamente algo que espero que mude. Todas as religiões estão mudando. O papa dos católicos saiu e pediu desculpas... Por que não podemos apenas fazer o mesmo?
Que mensagem a senhora deixaria para as vítimas do massacre da boate Pulse e para os familiares?
A única razão pela qual decidi falar com a mídia foi por causa de vocês. Sinto tanto sua dor. É uma tragédia. Incrível que ainda sejamos vítimas desse tipo de loucura. É difícil encontrar palavras que possam acalmar a dor. Impossível. O que precisamos é criar um diálogo entre todas as nações do mundo. Mas rezo por vocês todos os dias, para que sua dor não seja em vão. Para que, por um milagre ou por o que quer que seja, a humanidade possa aprender a se abraçar, a abraçar as diferenças de nossas culturas e a aprender a fazer a paz entre si. Nossos corações estão ainda muito pesados. Tenho chorado muito, e nossa família tem orado por sua cura. Não existe jihad aqui... Há apenas um garoto confuso, que nunca poderia ser aceito e, realmente, não se encaixava em lugar algum. A paz vem de dentro. Nós podemos fazer a paz conosco mesmo. Aprender a nos aceitar. Nos amar. Dessa forma, talvez possamos curar esses traumas, perdoar o passado e ter esperança para o futuro. Não parece que há muito que possamos fazer. Mas, se apenas fizermos nossa parte, mudando nós mesmos, talvez possamos ajudar o mundo a mudar. É um longo caminho, mas, por que não tentar?