Omar Mateen, de 29 anos, é suspeito de matar 50 pessoas em uma boate gay de Orlando
- Foto: Reprodução TwitterAutoridades americanas divulgarão hoje parte das transcrições das conversas por telefone entre o autor do massacre de Orlando, Omar Mateen, e os negociadores da polícia.
Os diálogos ocorreram durante o ataque contra a boate gay que deixou 49 mortos, informou a secretária de Justiça Loretta Lynch. Ela disse que as transcrições que serão divulgadas incluem a declaração de lealdade de Mateen ao grupo Estado Islâmico e os motivos que alegou para realizar a chacina. “Ele falou sobre política americana em certos aspectos", afirmou Lynch ao canal CNN. No entanto, segundo ela, o Mateen não falou sobre o que pensava dos homossexuais. “Ainda estamos estudando por que escolheu esse lugar em particular para seu ataque.”
Investigadores estão tentando determinar o que levou o segurança de 29 anos a assassinar 49 pessoas e ferir outras dezenas enquanto elas se divertiam. Eles estão analisando indícios de que Mateen se inspirou no islamismo radical, após ser revelado que ele jurou lealdade ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico e ter sido investigado duas vezes pelo FBI, a polícia federal americana, por ligações com terrorismo.
O pai do atirador também sugeriu que seu filho manifestava fortes opiniões contra gays, levando muitos a crer que o ataque foi motivado por homofobia. Mas, conforme novas informações sobre Mateen vêm à tona, mais complexa fica o cenário.
Testemunhas disseram que ele esteve na Pulse várias vezes nos últimos três anos e interagiu com homens em aplicativos de relacionamento para gays.
Ao Estado de Minas, sua ex-mulher, Sitora Yusufiy, disse cogitar que ele tinha uma inclinação homossexual em segredo. Isso fez especialistas questionarem se o atirador foi levado a agir, ao menos em parte, por um intenso desprezo por sua própria orientação sexual. Ele poderia ter sido levado a odiar e a agredir gays porque odiava a si mesmo?
Pessoas colocam bandeiras e outros objetos em memorial no caminho da casa noturna Pulse - Foto: Spencer Platt/AFP“Apesar de não ser comum, não é inédito que uma pessoa seja violenta com gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT) por causa de um dilema interno próprio”, diz Genevieve Weber, especialista em aconselhamento de pessoas afetadas por homofobia internalizada e professora da Universidade Hofstra, em Nova York. As definições de homofobia internalizada variam, mas é essencialmente quando pessoas LGBT se deparam com crenças sociais negativas sobre essa comunidade e absorvem essas noções, considerando-as como a única verdade possível.
Pesquisadores dizem que se trata de algo involuntário e que, apesar de Mateen ser um exemplo extremo, é algo que afeta muitos homossexuais e transgêneros em algum ponto de suas vidas. “Infelizmente, é um conceito bastante simples”, diz Ilan Meyer, pesquisador sênior de lei para políticas públicas e orientação sexual da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. “Todos aprendemos quais são as convenções sociais. Aprendemos sobre o estigma e o preconceito direcionado a certos grupos desde muito cedo. Então, quando uma pessoa começa a se reconhecer como gay ou lésbica, essa negatividade já está presente.”.