Argentino compra em polêmico leilão último casaco de Hitler por 275 mil euros

Leilão foi nesse sábado. Misterioso comprador desembolsou mais de 600 mil euros em pertences nazistas, informou nesta segunda-feira a imprensa alemã

AFP
Adolf Hitler - Foto: Reprodução / Wikipedia.com
Um misterioso comprador, que se apresentou como argentino, comprou no sábado a maioria dos pertences nazistas leiloados em um polêmico leilão organizado em Munique (sul), desembolsando mais de 600 mil euros, informou nesta segunda-feira a imprensa alemã.

Todo vestido de preto - botas, calça jeans, camisa pólo e boné - "o comprador da segunda fila" gastou, entre outros, 275 mil euros no último casaco do uniforme de Adolf Hitler e 3 mil euros pelas roupas de baixo "parcialmente mofadas" de Herman Göring, mas desprezou um par de meias de Hitler vendida por 18 mil euros, segundo o jornal Bild.

O tabloide enviou um repórter entre os compradores, "casais jovens, homens idosos e homens de cabeças raspadas musculosos com tatuagens tribais", para acompanhar durante três horas um leilão dominado pelo "número de licitante 888" - recordando o número "88" adorado pelos neonazistas por representar as primeiras letras de "Heil Hitler".

Com duas palavras ao Bild em um inglês carregado de um sotaque espanhol, o comprador afirmou vir de Argentina e explicou que destinaria as peças compradas "a um museu", sem revelar mais detalhes.

"Seria um homem a serviço de um colecionador particular?", questionou o jornal, lembrando a fuga para a Argentina de muitos nazistas após a Segunda Guerra Mundial.

O jornal bávaro Süddeutsche Zeitung afirmou, por sua vez, que dois homens vestidos de preto se revezaram com a placa 888, vestidos de forma idêntica e falando com o mesmo sotaque sul-americano.

O Conselho Central dos Judeus da Alemanha havia expressado na quinta-feira sua indignação com o leilão, descrito como "escandaloso e desprezível". O prefeito de Munique também expressou seu descontentamento.

Entre os objetos pessoais do ditador nazista figuravam na leilão pares de meias e gravatas, toalhas de mesa ou o seu certificado de imposto de renda relativo a taxas sobre cães, de acordo com a imprensa alemã.

Todos os objetos eram de propriedade do ex-médico do Exército dos Estados Unidos John K. Lattimer, responsável pela saúde dos acusados durante o julgamento de Nuremberg de líderes do regime nazista.

A casa de leilões Hermann Historica, que fornece acesso ao catálogo de leilão apenas aos seus clientes e que proibiu a imprensa de assistir à venda, assegurou em um comunicado que não tinha como objetivo era incomodar a paz social ou ferir sentimentos e afirmou que estava "bem ciente da sombria história alemã entre 1933 e 1945".

Em abril de 2014, na França, a venda de 40 objetos nazistas que pertenciam aos dois líderes do 3º Reich, incluindo passaportes e pratos, foi cancelada após a intervenção do ministro francês da Cultura junto a casa de leilões Vermot de Pas..