Os espanhóis votam neste domingo nas segundas eleições gerais em seis meses para decidir se mantêm a direita no poder ou apostam por uma mudança, encarnada pela esquerda antiausteridade do partido Podemos, na primeira votação na UE depois do Brexit.
Mais de 36 milhões de espanhóis estão registrados para votar em eleições consideradas um desempate, para tentar romper o prolongado bloqueio político que impediu a formação de um governo. Os primeiros resultados oficiais devem ser anunciados às 22H30 GMT (19H30 de Brasília).
As legislativas de dezembro resultaram em um Parlamento muito fragmentado e provocaram o fim do bipartidarismo, com a entrada em cena de dois novos partidos, Podemos e Ciudadanos, que fizeram campanha com temas como o combate à corrupção e críticas à austeridade.
Os dois partidos, ao lado do conservador Partido Popular (PP) e dos socialistas do PSOE, não conseguiram formar alianças após meses de negociações, o que obrigou a nova eleição convocada para este domingo.
As pesquisas apontam que novamente o vencedor será o PP do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, mas longe da maioria absoluta de 176 deputados (de um total de 350), que permitiria governar de modo solitário. Este foi o cenário das legislativas de dezembro, que resultaram em um impasse.
A novidade agora é que a coalizão formada por Podemos e pelo partido 'Izquierda Unida', dirigida por Pablo Iglesias, um carismático líder de 37 anos, pode desbancar os socialistas como segunda força da política da Espanha.
De acordo com as pesquisas, a coalizão Unidos Podemos seria superada apenas pelos conservadores do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que busca a reeleição.
Diante da paralisia política, a quarta maior economia da Eurozona ficou nas mãos do governo de Rajoy, mas no piloto automático e sem a possibilidade de propor novas leis no Parlamento fragmentado.
"Estamos em uma encruzilhada, em um bloqueio político e por isso temos que votar para desbloquear a situação", disse o líder do partido liberal Ciudadanos, Albert Rivera.
"Os extremos sempre vão votar, mas a moderação às vezes fica em casa. E quando você fica em casa, acontecem coisas como no Reino Unido, que os extremos escolhem", completou Rivera, em referência ao triunfo do Brexit, a saída dos britânicos da União Europeia (UE).
A eleição tem duas linhas definidas: um lado defende a estabilidade e o outro afirma que o país precisa de mudanças.
Com o lema da mudança e da esperança, o Podemos, que nasceu em grande parte do movimento dos indignados, avançou nas pesquisas.
Na outra margem, o PP se mostra como a garantia de estabilidade ante o "extremismo" e o "populismo" do Podemos.
Os conservadores, no poder desde 2011, afirmam que suas políticas conseguiram tirar a Espanha da prolongada recessão, com direito a um crescimento de 3,2% em 2015, mas com duras medidas de austeridade e a reforma do mercado de trabalho.
O país tem uma taxa de desemprego de 21%, a maior da Europa atrás apenas da Grécia.
Os socialistas, liderados por Pedro Sánchez, devem ser os grandes derrotados e virar a terceira força do país.
Em quarto lugar ficaria o partido Ciudadanos, que se apresenta como uma formação moderada e denuncia principalmente a longa lista de escândalos de corrupção que envolvem integrantes do PP.
Mas nenhum partido deve obter maioria absoluta para governar (176 deputados), o que permite prever duras negociações nas próximas semanas.