A sonda espacial Juno começou nesta terça-feira a girar em volta de Júpiter, em uma missão de 20 meses, para conhecer mais sobre a origem do maior planeta do Sistema Solar.
A chegada à órbita de Júpiter foi um triunfo para o projeto da Nasa de 1,1 bilhão de dólares, que espera descobrir os mistérios deste planeta onde tudo é extremo, a atmosfera é tóxica e a radiação é mil vezes maior que o limite letal para um ser humano, de acordo com o pesquisador principal e líder da equipe da Juno, Scott Bolton.
Quais são os grandes mistérios de Júpiter?
Os cientistas acreditam que Júpiter, o maior planeta da nossa vizinhança cósmica, foi o primeiro a se formar no Sistema Solar, mas não sabem como esse processo ocorreu.
Assim como o Sol, Júpiter é composto principalmente de hidrogênio e hélio, de modo que pode ter absorvido a maior parte do material que restou após a formação do nosso astro.
Mas a Nasa se pergunta: "se tratou primeiro de um núcleo planetário que capturou todo esse gás gravitacionalmente, ou ocorreu um colapso da região instável dentro da nebulosa que provocou a formação do planeta?".
O que se espera descobrir com a missão?
A missão Juno pretende ser a primeira a olhar além das nuvens de Júpiter para aprender mais sobre a atmosfera do planeta.
A quantidade de água em Júpiter é também um dado importante, que pode dizer muito aos cientistas sobre quando e como o planeta se formou.
Segundo Bolton, a Juno também vai procurar mais luas em volta do planeta, além das 67 que já se conhece.
Tentará, ainda, saber como é gerado o intenso campo magnético do planeta, e estudar a formação das auroras - as luzes que se produzem no céu pela conjunção da energia solar com as partículas elétricas presas no campo magnético.
Como a Juno pretende fazer isso?
Medindo a quantidade de água e de amoníaco na atmosfera de Júpiter, a sonda pode determinar se o planeta tem um núcleo sólido, "resolvendo diretamente a origem deste planeta gigante e, em consequência, do Sistema Solar", disse a Nasa.
A missão também vai mapear os campos gravitacionais e magnéticos de Júpiter.
A Juno carrega nove instrumentos científicos, além de uma câmera que pode registrar imagens e vídeos de Júpiter e suas luas.
Quais são os riscos de chegar tão perto de Júpiter?
O campo magnético de Júpiter é quase 20.000 vezes mais potente que o da Terra, e o planeta está rodeado por um cinturão de radiação intensa.
Esta radiação equivale a 100 milhões de raios-X no período de um ano, de acordo com Heidi Becker, engenheira especializada em efeitos da radiação no Jet Propulsion Laboratory da Nasa, na cidade de Pasadena, Califórnia, que trabalha na missão.
Os equipamentos eletrônicos da sonda estão dentro de uma caixa de titânio, que os protege contra a radiação.