Jornal Estado de Minas

Merkel volta a defender sua política sobre os refugiados

Angela Merkel defendeu com firmeza nesta quinta-feira sua política de acolhimento de refugiados, apesar das críticas que redobraram após os atentados que abalaram o país e que foram cometidos por requerentes de asilo.

Há quase um ano, enquanto dezenas de milhares de migrantes chegavam às portas da Alemanha, a chanceler alemã tentou tranquilizar seu país com uma frase que entrou para os anais: "Nós vamos conseguir!".

Seus críticos veem hoje o seu fracasso, mas Merkel reiterou em Berlim, durante uma coletiva de imprensa convocada no meio de suas férias por causa da tensão no país.

"Estou convencida de que nós vamos conseguir e superar esse desafio histórico", insistiu, "nós vamos chegar lá e já conseguimos muito".

"Os terroristas querem minar a nossa vontade de acolher as pessoas em perigo", ressaltou.

"As pessoas têm medo" após os recentes atentados ou ataques, mas "o medo não pode ser a base para a ação política", ressaltou. "O princípio fundamental segundo o qual um país como a Alemanha não pode abandonar sua responsabilidade humanitária, pelo contrário deve assumí-la".

Ao mesmo tempo, anunciou um reforço da força policial, prometeu facilitar a expulsão de refugiados que infringirem a lei, detectar de forma mais efetiva a radicalização islâmica entre os requerentes de asilo e levantou a possibilidade de que o exército alemão assuma funções policiais em grandes ataques.

Esta última medida, recorrente em países como a França ou Bélgica, seria uma grande mudança para a Alemanha, onde as competências dos militares são bastante estritas desde o período nazista.

'Impacto psicológico'

A chanceler está sob intensa pressão desde que dois ataques, reivindicados pelo Estado Islâmico (EI), foram cometidos em uma semana na Baviera (sul) por requerentes de asilo: no domingo, perto de um festival de música em Ansbach, e em 18 de julho em um trem para Würzburg.

Além disso, um jovem matou nove pessoas em Munique, em 22 de julho, em um ato sem relação com o islamismo.

Os líderes conservadores da Baviera (CSU) retomaram sua ofensiva contra Angela Merkel, depois de terem silenciado devido à queda nas chegadas de refugiados: estão atualmente a uma taxa de 100 por dia, depois de mais um milhão de migrantes em 2015.

"O terrorismo islâmico chegou na Alemanha", trovejou o presidente da CSU, Horst Seehofer.

"Esperamos de maneira urgente uma ação do governo federal e da Europa", acrescentou nesta quinta-feira o ministro do Interior bávaro, Joachim Herrmann. "Precisamos de segurança, transparência, a lei e a ordem no que diz respeito aos refugiados na Alemanha", ressaltou.

Angela Merkel tem pela frente um desafio com as eleições regionais a algumas semanas, especialmente em sua própria terra em Mecklenburg (nordeste), onde seu partido é seguido de perto pela direita populista.

"Parece que a loucura assassina (de Munique) e os dois ataques no espaço de uma semana tiveram um impacto psicológico semelhante aos ataques de Ano Novo em Colônia", advertiu nesta quinta-feira o jornal Süddeutsche Zeitung.

Na época, agressões sexuais contra mulheres em Colônia, cometidos principalmente por migrantes, contribuíram para jogar a população alemã contra os refugiados e derrubar o partido de Angela Merkel.

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