O Conselho de Administração da cervejaria britânica SABMiller aceitou nesta sexta-feira a proposta de compra por parte da gigante AB InBev, de capital belga e brasileiro, na que se anuncia como uma das maiores fusões/aquisições da história.
O Conselho de Administração da SABMiller indicou em um comunicado que "prevê por unanimidade" recomendar aos seus acionistas que aceitem a transação, que confere à SABMiller um valor de mercado de 79 bilhões de libras (103 bilhões de dólares).
Na terça-feira, a AB InBev havia aumentado a oferta por sua rival, compensando parcialmente a desvalorização da libra esterlina provocada pelo Brexit.
A nova oferta apresentada foi de 45 libras, uma a mais que na proposta anterior, por cada ação da SABMiller.
AB InBev, maior cervejaria mundial, comemorou a decisão de sua até então principal rival e expressou sua vontade de concluir "o quanto antes" a operação.
Vários acionistas da SABMiller eram contra o acordo, menos interessante em razão das pertubações no mercado.
Desde a primeira aproximação, "muitos fatores afetaram o valor da proposta, sobretudo, o impacto do voto a favor do Brexit sobre a libra esterlina", admitiu o presidente da SABMiller, Jan do Plessis, citado no comunicado.
"Isso dificultou a decisão do Conselho Administrativo, e acreditamos que a oferta final de 45 libras por ação se situa dentro do limite que consideramos aceitável", acrescentou.
Essa nova oferta representa uma valorização inferior à proposta realizada em novembro, que alcançava 121 bilhões de dólares, contra 103 bilhões atualmente.
A empresa busca, com esta aquisição, expandir seus mercados na África e na China.
A cervejaria belga e brasileira, que comercializa, entre outras, as marcas Budweiser e Stella Artois, informou na terça-feira que esta era sua oferta final para realizar a fusão.
Pouco antes do anúncio desta sexta-feira, a AB InBev comunicou lucros em alta no segundo trimestre, embora com resultados decepcionantes no Brasil, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio.
O Ebitda (antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa com sede na cidade belga de Lovaina foi de 4,011 bilhões de dólares no período abril-junho, em alta de 4,03% em relação ao mesmo período de 2015.
Em volume, as vendas caíram 1,7%, afetadas pelo mau desempenho no Brasil, onde o ambiente de negócios é afetado pela recessão econômica, instabilidade política e pelo vírus da zika.
"O segundo trimestre de 2016 voltou a demonstrar solidez em matéria de volume no México e uma melhora contínua de nossos resultados nos Estados Unidos, mas nossas atividades no Brasil e na Argentina permaneceram sob pressão devido às condições econômicas desfavoráveis", disse a multinacional.
A AB InBev revisou consequentemente em baixa suas previsões no Brasil, sem expectativa de aumento das vendas, apesar dos Jogos Olímpicos de agosto, um evento que costuma estimular o consumo de cerveja.
A empresa também anunciou custos financeiros de 1,766 bilhão de dólares "relacionados à cobertura de risco cambial" de sua proposta para assumir o controle da SABMIller. A volatilidade cambial se acentuou após a votação britânica a favor da saída da União Europeia (UE).
Tudo isso reduziu os lucros líquidos trimestrais a 152 milhões de dólares, em claro retrocesso em relação aos 1,93 bilhão obtidos no segundo trimestre do ano passado.
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