Jornal Estado de Minas

Morre Ivo Pitanguy, pioneiro da cirurgia plástica no Brasil

O cirurgião plástico Ivo Pitanguy, que transformou o Brasil em uma das potências mundiais da especialidade, faleceu de um ataque cardíaco neste sábado (6), aos 93 anos, em sua casa no Rio de Janeiro - disse à AFP uma porta-voz de sua clínica.

Pitanguy morreu apenas um dia depois de ter carregado a tocha olímpica, em uma cadeira de rodas, nas ruas da Zona Sul do Rio.

"Ivo Pitanguy faleceu hoje às 17h30, em sua casa da Gávea (...) Teve um ataque cardíaco", informou a porta-voz Patricia Sallum.

"Será cremado amanhã, domingo, às 18h30, no Memorial do Carmo", acrescentou.

Manteve sua lista de pacientes em segredo, mas, segundo publicações que cobrem a vida das celebridades, Sofia Loren, Gina Lollobrigida, Farah Diba, Jackie Onassis e Elizabeth Taylor teriam sido algumas das beldades que se renderam a seu mágico bisturi.

Autor de mais de 1.800 publicações, entre livros, capítulos de livros, prefácios, conferências e artigos científicos, Pitanguy trabalhou incansavelmente para tornar a profissão mais respeitada.

"O sofrimento do indivíduo não é proporcional à deformidade, e sim ao transtorno causado à sua harmonia de conviver com sua imagem", disse ele uma vez, ao defender o direito que as pessoas têm de fazer intervenções cirúrgicas para fins estéticos.

Refinado e de sólida formação, este homem magro e de baixa estatura não se cansava de dizer que o culto mais importante não é ao corpo, mas "à inteligência".

A excessiva preocupação com o corpo "não é culpa da cirurgia plástica, mas do marketing, que vende a imagem da juventude, da beleza", lamentou, certa vez em Madri, há dez anos.

A cirurgia estética é "para se sentir bem consigo mesmo, não para os outros", dizia.

Também dizia que o que mais apreciava no corpo feminino era a cintura.

Pobres e ricos

Em 1963, Ivo Pitanguy fundou sua famosa clínica em Botafogo, onde operou inúmeras atrizes e atores mundialmente famosos, cantores, políticos - e até reis, como contou uma vez.

Ele também é conhecido por ter realizado milhares de cirurgias gratuitas em mulheres carentes, na Santa Casa da Misericórdia.

O incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em 17 de dezembro de 1961, em Niterói, foi o momento mais importante de sua carreira. Então um jovem médico que trabalhava na Emergência e havia se especializado em cirurgia plástica, Pitanguy operou centenas de queimados durante três dias seguidos.

Mesmo depois, quando se dedicou a atender aos mais abastados e famosos, sua equipe continuou fazendo, todos os anos, dezenas de operações estéticas e reparadoras para os pobres na Santa Casa.

.