Centenas de funcionários das equipes de resgate trabalhavam intensamente nesta quinta-feira entre os escombros de pequenas cidades no centro da Itália, na busca de sobreviventes após o terremoto que matou ao menos 241 pessoas.
O número de mortos foi retificado oficialmente pela Defesa Civil, depois do anúncio de 247 vítimas fatais.
As equipes de resgate não perdem as esperanças de encontrar sobreviventes sob a montanha de pedras e destroços nas áreas devastadas pelo terremoto.
As autoridades informaram que as buscas só devem ser interrompidas quando existir a certeza de que não é mais possível localizar pessoas.
O balanço passou de 150 mortos na quarta-feira à noite para 241 nesta quinta-feira. Mas o número pode aumentar, porque as pequenas localidades, com população de 300 a 500 pessoas, recebem neste período do ano vários familiares e turistas, que procuram um clima ameno durante o verão.
- Os desaparecidos, uma incógnita -
"Em Amatrice já contabilizamos mais de 200 mortos", afirmou, inconsolável, Sergio Pirozzi, o prefeito da localidade na região do Lácio, que foi praticamente apagada do mapa.
A Defesa Civil italiana divulgou ao meio-dia um balanço com 270 pessoas hospitalizadas e 1.200 desabrigadas.
As autoridades temem pela vida dos hóspedes do célebre e histórico Hotel Roma de Amatrice, que estava com ocupação total por ocasião de uma festa tradicional em homenagem à criação há 50 anos da receita de spaghetti à "matriciana".
Em homenagem à receita com molho de tomate e bacon estão surgindo várias iniciativas de solidariedade por parte de cozinheiros e donos de restaurante de todo o mundo com a população de Amatrice.
O diretor da Defesa Civil, Luigi D'Angelo, disse que o dono do hotel informou que muitos de seus clientes conseguiram escapar depois do primeiro e longo abalo, às 3H36 da madrugada de quarta-feira, que durou mais de dois minutos.
Em Arquata del Tronto, outra localidade arrasada, o prefeito Aleandro Petrucci fez um apelo aos que deixaram a cidade para que o governo consiga completar a contagem.
As equipes de resgate italianas trabalharam sem descanso durante toda a noite, com temperaturas abaixo dos 10 graus.
Mais de 100 tremores secundários foram registrados durante a noite, incluindo um particularmente forte, às 5H20, que provocou mais deslizamentos de terra.
Milhares de voluntários e oficiais especializados trabalham com cuidado nos escombros e acúmulos de pedras para detectar qualquer vestígio de vida, por menor que seja.
Os bombeiros recordam que o último sobrevivente do terremoto de L'Aquila em 2009 foi resgatado 72 horas depois da catástrofe.
A região afetada, a apenas 160 quilômetros de Roma, é uma área de passagem de turistas, o que provoca o temor de mortos de várias nacionalidades.
Na quarta-feira, depois de mais de 15 horas de trabalho árduo, os bombeiros italianos conseguiram encontrar com vida uma menina de 10 anos.
Georgia, completamente coberta de poeira, permaneceu impassível nos braços de seu salvador, entre aplausos e lágrimas. A irmã mais nova da sobrevivente foi encontrada morta.
Dezenas de moradores e turistas passaram a noite em barracas ou dentro de seus carros.
- Prevenção, o objetivo -
Um dia depois da tragédia, entre a desolação e a surpresa, várias perguntas começam a ser feitas sobre o preço elevado pago pela Itália, com destaque para a qualidade das construções.
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, admitiu na quarta-feira as enormes dificuldades para proteger tantos vilarejos e cidades com valiosos centros históricos, construídos há vários séculos.
Especialistas, historiadores e arqueólogos serão mobilizados em toda a península para avaliar o patrimônio e estabelecer um calendário de obras de prevenção, para impedir que vilarejos localizados em áreas de alto risco sísmico desapareçam com um terremoto.
"Nós, os geólogos, há anos pedimos que se desenvolva a cultura da prevenção para evitar estas tragédias", declarou o presidente do Conselho de Geólogos, Francesco Peduto.
Nesta quinta-feira, o Conselho de Ministros de reunirá para decretar estado de emergência nas áreas afetadas pelo terremoto.
"Será necessário realizar um trabalho sério e contínuo", disse Renzi, que espera evitar os erros cometidos após o terremoto de 2009 em L'Acquila, cuja polêmica reconstrução se tornou um negócio lucrativo para muitos.
.