A Procuradoria Geral da Venezuela abriu uma investigação contra o ex-candidato à presidência e líder opositor Henrique Capriles por supostas irregularidades durante sua gestão como governador do Estado de Miranda, o que o político qualificou de armação para pressioná-lo.
O organismo notificou Capriles sobre o início de "um procedimento administrativo" por "atuações fiscais" envolvendo o governo de Miranda entre dezembro de 2012 e julho de 2015, revela um documento publicado pela imprensa venezuelana.
"Hoje soube pela imprensa do procedimento da Procuradoria Geral. Uma armação para amedrontar", escreveu no Twitter Caprilles, um dos principais promotores do referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro.
Capriles, que desde 2008 governa Miranda - segundo Estado mais populoso do país, com 3,2 milhões de habitantes-, declarou à imprensa que trata-se de mais uma tentativa de "forçar este servidor a desistir de seguir lutando pelo revogatório".
Segundo o líder opositor, o procedimento da Procuradoria está relacionado com um contrato que o governo de Miranda firmou há cinco anos envolvendo publicidade institucional em um canal privado.
De acordo com a Procuradoria, Capriles terá 15 dias úteis para apresentar sua defesa, e deverá manifestar em depoimento público "os argumentos para a melhor defesa de seus interesses".
Em outra frente, a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, afirmou nesta terça-feira que denunciará Henry Ramos Allup, presidente do Parlamento e também líder opositor, por criticar a política externa de Caracas.
"Escreveu o seguinte: a chancelaria venezuelana da lástima, ignorante, torpe, ridícula, mentirosa, da vergonha internacional. Senhor Ramos Allup (...) saiba você que amanhã (quarta-feira), como chefe da diplomacia da Venezuela, me dirigirei à Promotoria para interpor uma ação", anunciou Rodríguez em um ato público.
Em 8 de setembro, Rodríguez qualificou de "insolente" o apelo do vice-presidente de Estados Unidos, Joe Biden, a favor do referendo contra Maduro.
No dia seguinte, Ramos Allup criticou a chancelaria no Twitter por suas posições que envergonham toda a Venezuela.
A investigação contra Capriles e a ameaça de denúncia envolvendo Ramos Allup ocorrem no momento em que a oposição venezuelana convoca uma mobilização nacional, em 12 de outubro, para exigir que o referendo revogatório contra Maduro seja realizado em 2016, ainda que o poder eleitoral tenha adiado para 2017 - quando já não poderão haver eleições antecipadas.