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Estado de Minas

Donald Trump surpreende o mundo e é eleito presidente dos EUA

Polêmico empresário sem experiência política sucederá Barack Obama na Casa Branca, em uma comoção política que provocou a queda de mercados de todo o mundo


postado em 09/11/2016 05:51 / atualizado em 09/11/2016 10:41

Donald Trump e a mulher Melania Trump após discurso na manhã desta quarta-feira (foto: JIM WATSON /AFP)
Donald Trump e a mulher Melania Trump após discurso na manhã desta quarta-feira (foto: JIM WATSON /AFP)

O candidato do Partido Republicano, Donald Trump, venceu as eleições presidenciais nos Estados Unidos, de acordo com os resultados provisórios divulgados nesta quarta-feira. A candidata democrata Hillary Clinton já ligou para Trump e deu os parabéns pela vitória. A informação foi confirmada por ele, em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito.

Donald Trump, um polêmico empresário sem experiência política, sucederá Barack Obama na Casa Branca,  em uma comoção política que provocou a queda de mercados de todo o mundo. Em sua primeira mensagem como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump disse na madrugada desta quarta-feira que será o presidente "de todos os americanos", e se comprometeu a tratar com justiça todos os países. "Chegou o momento de os Estados Unidos fecharem as feridas da divisão, devemos nos unir: aos republicanos, democratas e independentes desta nação afirmo que é hora de união", disse Trump.

Em uma mensagem à comunidade internacional, que acompanhou com apreensão a eleição americana, Trump disse: "Vamos tratar a todos com justiça. Todos os povos e todas as nações. Buscaremos terreno comum e não hostilidade; associação e não conflito".


Trump liderou uma divisiva campanha eleitoral na qual foi acusado de racismo e misoginia, e com uma retórica incendiária derrotou a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, considerada favorita pelas pesquisas.

O polêmico empresário de 70 anos terá a companhia de Mike Pence como vice-presidente. Hillary telefonou para Trump na madrugada para reconhecer o resultado. No entanto, Hillary anunciou que não discursará até o fim das apurações.


Cercado por seus familiares, o novo presidente americano disse que sua adversária, Hillary Clinton, o telefonou para felicitá-lo por sua vitória e disse que os Estados Unidos têm uma "dívida de gratidão" com ela.

Um a um, após meses de uma campanha repleta de insultos e ataques, o bilionário de 70 anos, conhecido por sua rede de hotéis cassinos, venceu nos estados-chave da Flórida, Pensilvânia e Ohio, que optaram pelo polêmico candidato republicano, acusado de ser xenófobo e sexista, para suceder o democrata Barack Obama.

Os mercados financeiros, que tinham uma clara preferência pela candidata democrata Hillary Clinton, fecharam em forte queda na Ásia e operavam em baixa na Europa.

Hillary Clinton, que sonhava em se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos aos 69 anos, também venceu em estados-chave, como Virginia e Nevada, além dos já esperados Califórnia e Nova York.

Mas isto não foi suficiente. Para garantir a presidência, o candidato precisava alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, obtidos, na realidade, em 51 mini eleições em cada estado e na capital, Washington. "Estou devastada, perdi a fé em meus compatriotas, não sei o que nos espera no futuro, me sinto perdida", afirmou Kate Kalmyka, uma advogada de 36 anos que acompanhava, indignada, os resultados em um bar de Nova York.

Bilionário


Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump é o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alemã, e Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa. Casou-se em 2005 com Melania Trump. Antes disso, ele foi casado e se divorciou de Maria Trump e Ivana Trump. Com Melania, tem um filho chamado Barron. Com Maria, a filha Tiffany, com quem se reconciliou recentemente, depois de um relacionamento conturbado. Com Ivana, ele tem três filhos, Eric, Ivanka e Donald, que ocupam funções de comando em suas empresas.

Fred Trump morreu aos 93 anos, em 1999, deixando para Donald uma fortuna de US$ 250 milhões. Porém, os biógrafos consideram que Donald Trump já era milionário 20 anos antes, quando iniciou a compra de vários edifícios em Nova York. Essa foi uma fase ascendente da vida do empresário porque ele comprou, em 1983, um antigo prédio que depois se transformou no Trump Tower, e também o Trump Plaza, e vários cassinos em Atlantic City, no estado de Nova Jersey. (Com agências)

Divisões


Poucas vezes nas últimas décadas uma eleição presidencial americana foi disputada por dois candidatos tão antagônicos, com visões tão distintas. A mensagem contra o "establishment" representado por Hillary Clinton e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, funcionou para o republicano.

Trump soube captar o mal-estar profundo com as instituições e os políticos tradicionais. "Votei em Trump e contra o sistema. Trump diz muitas bobagens porque ele não é um político, não está adestrado. Mas o mais importante para o país é o comércio, as relações internacionais e a economia. E as pessoas estão quebradas, precisam de uma mudança", disse Abteen Daziri, de 38 anos e de origem iraniana.

Depois de 693 dias de drama, insultos e escândalos, a campanha deixou uma população profundamente dividida e exausta. De acordo com uma pesquisa recente, 82% dos americanos se declararam cansados.

Os dois candidatos eram como água e azeite: a advogada Hilarry Clinton é uma figura política há 25 anos, detestada por metade dos americanos, que duvidam de sua honestidade. Esposa do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), foi primeira-dama, senadora e depois secretária de Estado do presidente Barack Obama.

Trump também soube interpretar como ninguém os temores de uma classe média branca frustrada em um mundo em mutação. Com seu discurso anti-imigração, impulsivo e corrosivo, denunciado por várias mulheres que afirmaram ter sido apalpadas por ele, Trump marcou para sempre um estilo de fazer campanha política. A liderança do Partido Republicano praticamente deu as costas a ele.

A trajetória de Hillary Clinton como candidata democrata rumo à Casa Branca foi ofuscada pela investigação do FBI contra ela pelos e-mails enviados a partir de um servidor privado no momento em que era secretária de Estado.

O medo de uma vitória de Trump, que chamou os mexicanos de "estupradores" e "narcotraficantes" e que prometeu construir um muro nos 3.200 km de fronteira com o México, além de deportar 11 milhões de pessoas sem documentos no país, mobilizou muitos latinos, a principal minoria do país.

Mas a mobilização não teve o efeito esperado por muitos, já que o candidato republicano venceu na Flórida, que tem uma grande comunidade latina, em um golpe para as aspirações de Hillary Clinton.

Os desafios são enormes e atualmente existe uma grande incerteza no cenário político e diplomático, como as relações com a Rússia ou o envolvimento dos Estados Unidos no conflito da Síria. Na economia, ele terá que lidar com o Tratado Transatlântico de Comércio e Investimentos (TTIP) ou o TPP.

Outra incógnita diz respeito à normalização das relações com Cuba, iniciada pelo democrata Barack Obama.

Maioria no Congresso


Os republicanos conquistaram a maioria no Senado nas eleições de terça-feira e continuarão controlando o conjunto do Congresso americano, algo muito importante para o presidente eleito Donald Trump.

Controlando a Casa Branca e o poder Legislativo, os republicanos terão a capacidade de anular as reformas do presidente Barack Obama e principalmente seu controverso programa de seguro-saúde batizado de "Obamacare".

O controle do Senado, que se soma ao da Câmara de Representantes, também lhes permitirá controlar o processo indicação dos funcionários governamentais de mais alto escalão e dos juízes da Suprema Corte.

O Senado, um terço do qual foi renovado na terça-feira (34 membros), havia oscilado para o campo republicano em 2014, limitando consideravelmente a margem de manobra do presidente Obama.


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