Enquanto os mercados financeiros desabaram em todo o mundo com a notícia da vitória de Donald Trump, os mercados financeiros russos operavam em alta. No meio da manhã, hora local, na bolsa de Moscou o índice RTS em dólares ganhava 1,09%, e o Micex em rublos avançava 1,36%. O índice Nikkei do Japão caiu mais de 900 pontos, ou seja 5,36%. O índice da bolsa da Europa perdeu 45 pontos, ou 1,51%.
"É uma hecatombe nos mercados", resumiu Craig Erlam, analista da consultoria Oanda, ao comentar o resultado eleitoral, apenas cinco meses depois do Brexit, que também provocou um terremoto nas Bolsas.
"Nos aventuramos claramente no desconhecido, porque não sabemos simplesmente que tipo de presidente será. O populista da campanha eleitoral, que ameaçou silenciar seus opositores, censurar a imprensa, construir um muro na fronteira e iniciar uma guerra comercial internacional? Ou pode virar um homem de Estado capaz de governar de forma mais moderada?", questiona Paul Ashworth, da Capital Economics.
Peter Praet, integrante da diretoria do Banco Central Europeu (BCE), pediu calma após a vitória de Trump. "Devemos manter a calma, mais que os mercados" disse.
No clima de incerteza, as Bolsas europeias abriram com fortes baixas de até 4% nesta quarta-feira, mas depois as quedas ficaram mais moderadas.
Em Frankfurt, o índice Dax iniciou o dia em queda de 2,87%, mas poucos minutos depois a perda se limitava a 1,76%.
Em Londres, o FTSE recuava 0,54% e em Paris o índice CAC 40 perdia 2,05%. A Bolsa de Madri operava em baixa de 1,76% e Milão recuava 3,32%.
A Bolsa de Moscou era a única que operava em alta (+1%), ao contrário da tendência mundial. Trump, que expressou admiração pelo presidente Vladimir Putin, era inegavelmente o candidato favorito do Kremlin.
Em Tóquio, a Bolsa fechou em queda de 5,36%, com o índice Nikkei dos 225 principais valores recuando 919,84 pontos, a 16.251,54 unidades.
O ministério das Finanças do Japão, a Agência de Serviços Financeiros e o Banco do Japão (BoJ) se reuniram em caráter de urgência para analisar a situação nos mercados.
Hong Kong fechou em baixa de 2,2%. Também registraram quedas as Bolsas de Sydney (-2%), Xangai (-1,3%) e Mumbai (-6%), esta última também afetada por um anúncio do governo indiano para combater a lavagem de dinheiro.
"Pela segunda vez no ano parece que os mercados fizeram previsões equivocadas. Em junho, apostaram na permanência do Reino Unido na União Europeia. Desta vez contavam com a vitória de Hillary Clinton", disse Erlam.
O mercado cambial também estava agitado: o dólar era negociado a 101,30 ienes, contra 105,47 ienes na terça-feira. O mesmo acontecia em relação ao euro, negociado a 1,1243 dólar, contra 1,1020 na terça-feira.
Mas o peso mexicano - termômetro na opinião dos mercados nas últimas semanas sobre as eleições - registrava a maior queda. Na Ásia chegou a perder 14%, com a cotação de 20,7431 pesos por dólar.
Neste contexto, o ouro, valor refúgio, operava em alta de 5,4% no mercado asiático.
"Após a comoção inicial, podemos esperar uma moderação dos mercados, como aconteceu após a votação do Brexit", prevê a Capital Economics.
"Mas Trump é tão imprevisível que um risco de explosão pode acontecer a qualquer momento, nos próximos meses ou anos", completa.