Alguns esquilos vermelhos na Grã-Bretanha e na Irlanda estão infectados com a bactéria que causa a lepra em seres humanos, mas o risco de transmissão para as pessoas é baixo, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science.
Ainda assim, os cientistas ficaram surpresos ao descobrir sinais da doença infecciosa que devastou a Europa na era medieval e que declinou drasticamente na era moderna.
"Isso nunca foi observado antes", disse Stewart Cole, pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL), na Suíça, observando que duas cepas de bactérias - Mycobacterium leprae e Mycobacterium lepromatosis - foram descobertas nos esquilos estudados.
"Era completamente inesperado ver que séculos após sua eliminação em humanos no Reino Unido, a M. leprae causa a doença em esquilos vermelhos," disse.
Os pesquisadores testaram mais de 100 esquilos vermelhos mortos - alguns com sinais de infecção, outros sem - e encontraram as bactérias em exemplares da Inglaterra, Irlanda e Escócia, de acordo com o estudo.
A infecção, também chamada de hanseníase, pode causar feridas na pele e danos nos nervos, assim como problemas oculares e respiratórios.
Hoje a lepra é amplamente controlada por antibióticos. Ainda assim, cerca de 200.000 novos casos são registrados anualmente em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.
"A descoberta da hanseníase nos esquilos vermelhos é preocupante do ponto de vista da conservação da espécie, mas não deve preocupar as pessoas no Reino Unido", disse a pesquisadora Anna Meredith, da Universidade de Edimburgo.
"O risco de transmissão para as pessoas é geralmente baixo por causa do contato limitado dos esquilos vermelhos com os seres humanos, e a caça destes animais é proibida na maioria dos países europeus", disse o coautor do estudo Andrej Benjak, da EPFL.
Os pesquisadores dizem que ainda não está claro como os animais se infectaram, e se perguntam se a lepra pode estar contribuindo para o declínio dos esquilos vermelhos em geral.