Jornal Estado de Minas

Terapia coletiva no metrô de Nova York para digerir eleição de Trump

"Eu sou o único com medo?! Preciso que alguém me abrace!" ou simplesmente "Estou furioso": a partir desta quarta-feira, milhares de nova-iorquinos expressam em pequenos post-its colados nas paredes do metrô de Nova York seus sentimentos após a vitória de Donald Trump.

Dezenas de pequenos papeizinhos multicoloridos se somam hora após hora nos azulejos brancos do túnel da linha L, perto da muito atribulada estação de metrô Union Square. A operação começou espontaneamente na quarta-feira à tarde. Vinte e quatro horas depois, já havia perto de 3.000.

Na origem desta sessão de terapia coletiva está o jovem artista nova-iorquino Matthew Chavez.

Começou há nove meses a se instalar periodicamente no metrô munido de um pequeno cartaz com a inscrição "Terapia do metrô", para propor aos nova-iorquinos apressados que expressassem seus sentimentos conversando ou por escrito.

E depois da eleição de Trump, surpreendendo uma cidade que votou por esmagadora maioria em Hillary Clinton, Chavez instalou uma pequena mesa, com blocos de post-it, e alinhou nas paredes 15 post-it brancos, convidando as pessoas a se expressarem.

As pessoas começaram a parar, às vezes por alguns minutos, o tempo de escrever uma mensagem e agradecer Chavez antes de seguir caminho.

"Estou furiosa" foi o que escreveu Andrea Recarte, nova-iorquina de origem chilena de 33 anos, e depois disse ter se sentido melhor.

"É incrível a gente poder se expressar", disse. "Temos a chance de colocar em palavras nossos sentimentos e nos conectarmos uns com os outros".

"Temos a necessidade de desabafos sadios e a arte por escrito é o mais sadio de todos os desabafos", filosofa Terena Bell, originária de Kentucky, que escreveu: "Donald Trump, rezo por você".

"Seja quem for o candidato em que votamos, todos temos a necessidade de esperança agora", disse.

Alguém escreveu que se sentia como "quando caíram as torres", em alusão aos atentados de 11 de setembro de 2001, que derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center.

"Como mexicano e gay, sinto medo e dor. Só resta expressar e dar amor", declarou outro anônimo em um post-it escrito em espanhol.

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