O número de soropositivos aumenta 10% a cada ano na Rússia, onde há mais de um milhão de pessoas infectadas, advertiu nesta terça-feira o diretor do Centro Federal de Luta contra a Aids, Vadim Pokrovski.
"O número de soropositivos aumenta 10% a cada ano e afetava oficialmente 1.087.339 pessoas até 30 de setembro", declarou Pokrovski em uma coletiva de imprensa em Moscou.
Com 146,5 milhões de habitantes, a taxa oficial de soropositivos na Rússia é de 0,58% da população, afirmou.
"Segundo nossos cálculos, o número de soropositivos se estabelece na realidade entre 1,3 e 1,4 milhão de pessoas", ou seja, entre 0,89% e 0,96% da população, acrescentou.
Em 2015 foram registrados oficialmente 110.000 novos casos na Rússia - 270 novos soropositivos por dia.
"A situação só se agrava e atualmente ameaça a segurança nacional", pois poderia se transformar em uma epidemia generalizada antes do fim de 2021, explicou o especialista.
Mais da metade desses novos infectados (51%) são dependentes químicos, enquanto 47% contraíram a doença por manter relações sexuais heterossexuais sem proteção. Apenas 1,5% adquiriu o vírus em relações sexuais homossexuais.
"A Rússia é o único país do mundo em que os dependentes (químicos) representam mais de 50% dos soropositivos", destacou Pokrovski, lamentando a ausência de campanhas de prevenção contra a aids direcionadas a essa parcela da população, que poderia ser de mais de dois milhões de pessoas, segundo o Serviço Federal de Controle de Drogas (FSKN).
A questão "não é só os fundos públicos serem suficientes. Nem sequer fala-se sobre a prevenção de novos casos", disse, alarmado.
Um soropositivo em cada três na Rússia recebe tratamento médico gratuito, por conta da falta de financiamento, enquanto a qualidade dos medicamentos deixa a desejar.
O presidente russo, Vladimir Putin, tem apoiado a promoção de ideias conservadoras no país e os poderes públicos russos preferiram focar no tratamento da aids do que em sua prevenção.
Nesse sentido, a Rússia proibiu a metadona, substituto da heroína, e trocou as campanhas informativas por chamados à abstinência. Em julho, as principais ONGs encarregadas da divulgação das formas de prevenção foram tachadas como "agentes do exterior" pela justiça russa.