O grupo radical Estado Islâmico reivindicou nesta segunda-feira o ataque contra uma discoteca de Istambul, no qual 39 pessoas morreram na noite do Réveillon.
A polícia antiterrorista de Istambul, que iniciou uma verdadeira caçada ao agressor foragido, deteve nesta segunda oito pessoas suspeitas de terem vínculos com o ataque, segundo a agência Dogan.
Estas são as primeiras detenções relacionadas ao atentado reivindicado pelo EI através das redes sociais.
O grupo afirmou em um comunicado que foi um dos "soldados do califado" que realizou o ataque no clube Reina, uma discoteca exclusiva situada às margens do Bósforo.
Esta é a primeira vez que o EI reivindica diretamente um atentado na Turquia, mas vários atentados contra alvos turísticos, principalmente em Istambul, foram atribuídos ao grupo pelas autoridades.
O autor do ataque continua foragido e é ativamente procurado pelas autoridades.
"Dados relativos às impressões digitais do atirador" foram obtidas, declarou o porta-voz do governo, Numan Kurtulmus, evocando uma "investigação difícil".
A Turquia se despediu, assim, de forma violenta do ano de 2016, marcado por uma onda de atentados atribuídos ao EI e aos rebeldes curdos, um golpe de Estado fracassado, as consequências da repressão do governo e o envio de tropas ao norte da Síria.
O agressor começou a atirar à 01H15 de domingo (20H15 de sábado, em Brasília) na famosa boate Reina, onde cerca de 700 a 800 pessoas festejavam o Ano Novo.
A emissora NTV noticiou que o atirador havia disparado entre 120 e 180 vezes durante sete minutos semeando o pânico, fazendo com que algumas pessoas se jogassem nas geladas águas do Estreito de Bósforo para escapar do massacre.
O perigo continua
"As operações de buscas ao terrorista ainda estão em andamento. Espero que seja capturado rapidamente", declarou o ministro do Interior, Suleyman Soylu, que acrescentou que "o perigo continua".
Além dos 39 mortos, dos quais pelo menos a metade seria de estrangeiros, 65 pessoas ficaram feridas no ataque.
Entre as vítimas fatais estrangeiras haveria, segundo as autoridades de cada país, pelo menos um cidadão belga-turco, uma israelense, três jordanianos, três libaneses, vários sauditas, um líbio, dois indianos, dois marroquinos, uma franco-tunisiana e um tunisiano.
Entre os feridos estariam pelo menos quatro franceses e outros quatro marroquinos.
Salvo pelo passaporte
Pedestres deixaram flores e velas sob os olhares de dezenas de policiais armados que continuavam fazendo a segurança do local na noite de domingo, constatou uma jornalista da AFP.
Uma lona azul cobria a fachada do estabelecimento, diante do qual havia uma poça de sangue.
Antes de entrar e abrir fogo na boate, muito frequentada por estrangeiros, o atirador matou um policial e um civil que estavam em frente à discoteca, informou o governador da cidade, Vasip Sahin.
"Viemos passar um momento legal, mas tudo se transformou em caos, em uma noite de terror", explicou à AFP Maximilien, um turista italiano que estava na fila para entrar quando o atirador chegou.
O jogador de futebol Sefa Boydas, que também estava na festa, contou à AFP que, conforme avançava para escapar do pesadelo, "as pessoas pisoteavam umas as outras".
"Por volta da 01h15, ouvimos tiros de (fuzil) kalashnikov e nos dissemos que talvez era gente que tinha bebido demais e estava brigando", relatou. Em seguida, "as pessoas começaram a se jogar no chão", completou outra testemunha, Albert Farhat, à emissora libanesa LBCI.
"Foi meu passaporte que salvou a minha vida, porque o levava junto do coração", afirmou à mesma emissora um libanês ferido, François al-Asmar, explicando que um tiro disparado contra ele acertou o documento.
As autoridades tinham anunciado a mobilização de 17 mil policiais em Istambul para as festividades do Ano Novo. Além disso, informaram que alguns policiais estariam fantasiados de Papai Noel para detectar qualquer anomalia entre a multidão.
O ataque suscitou uma onda de indignação no mundo. Washington, Moscou, Paris e Berlim, assim como o papa Francisco, o condenaram firmemente.
E apesar do massacre, a Turquia se mantém decidida a prosseguir com sua ofensiva contra o terrorismo no norte da Síria, segundo declarou um porta-voz de Ancara, Numan Kurtulmus.
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