O governo do republicano Donald Trump enfrentará um mundo com maior risco de conflitos, de crescimento lento e de pressões antidemocráticas, adverte um relatório da Inteligência americana publicado nesta segunda-feira.
O relatório do Conselho Nacional de Inteligência "Tendências Mundiais: Paradoxo do Progresso" conclui que a liderança dos Estados Unidos está diminuindo em meio a profundas mudanças econômicas, políticas e tecnológicas no panorama global, "que pressagiam um obscuro e difícil futuro a curto prazo".
"Nos próximos cinco anos haverá um aumento das tensões tanto dentro como entre os países", adverte o relatório.
"Para o bem ou para o mal, o emergente panorama mundial está chegando ao fim de uma era de domínio americano após a Guerra Fria".
O Conselho Nacional de Inteligência, grupo de investigação subordinado ao Diretor de Inteligência Nacional, emite sua avaliação global a cada quatro anos, e o novo relatório chega onze dias antes da posse de Trump como presidente dos EUA.
O documento traz um panorama sombrio dos desafios derivados da extrema disparidade de rendas, deslocamento tecnológico, mudanças demográficas, impactos do aquecimento global e intensificação dos conflitos comunais.
Segundo o relatório, as democracias ocidentais encontrarão cada vez mais dificuldade para manter seus princípios e evitar divisões.
"Será muito mais difícil cooperar internacionalmente e governar do modo que o público espera".
O documento destaca que o liberalismo que definiu o Ocidente e seus aliados após a Segunda Guerra Mundial está ameaçado pelo populismo tanto de direita como de esquerda, a medida em que os países e as sociedades endurecem.
"As pessoas exigirão dos governos segurança e prosperidade, mas a baixa renda, a desconfiança, a polarização e uma crescente lista de temas emergentes dificultarão seu desempenho".
Estas tendências ampliam a necessidade de Washington de fazer alianças com países ocidentais, enquanto Rússia e China testam sua determinação de preservar sua influência internacional.
Mas o documento adverte que os líderes americanos não devem se sentir tentados a ressuscitar o tipo de "Pax Americana" que orientou a ordem mundial desde os anos 50, pois seria "muito caro a curto prazo e fracassaria a longo prazo", minando a fortaleza política dos EUA.