Turquia avança em Al-Bab; oposição síria se prepara para Genebra

AFP

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou neste domingo (12) que seus soldados haviam chegado ao centro de Al-Bab, e previu a iminente tomada deste reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no norte da Síria.

"Al-Bab está cercada por todos os lados (...) Nossas forças entraram no centro" com os rebeldes sírios, e a captura da cidade é "uma questão de tempo", declarou o presidente turco.

"Os combatentes do EI iniciaram a sua retirada total de Al-Bab", acrescentou o chefe de Estado a repórteres no aeroporto de Istambul.

A Turquia e seus aliados rebeldes lideram há dois meses a ofensiva nesta cidade de 100.000 habitantes, localizada perto da fronteira com a Turquia, que caiu nas mãos do EI em 2014.

No sábado, conseguiram entrar pela primeira vez em Al-Bab.

Esta cidade também é cobiçada pelas forças do governo sírio, que atacam pelo sul. Mas elas não devem avançar para além da periferia, porque, de acordo com o ministério da Defesa, "ao libertar Tadef com a ajuda da aviação russa, chegaram à linha de demarcação com o Exército Sírio Livre (ESL) estabelecida com os turcos".

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) indicou que os combates se concentravam na periferia norte de Al-Bab, mas também nas periferias do oeste e sudoeste.

A Turquia, que apoia grupos da oposição síria, lançou no final de agosto a operação "Escudo de Eufrates", que visa tanto o EI como as milícias curdas no norte da Síria.

Esta ofensiva tem sido mortal para Ancara: a morte neste domingo de um novo soldado turco eleva a 67 o número de baixas turcas na Síria, segundo oa agência de notícias Dogan.

Além disso, os rebeldes lançaram uma importante ofensiva na cidade de Deraa que foi repelida, segundo a agência de notícias Sana.

Dois civis, incluindo uma criança, morreram e nove ficaram feridos, informou.

- Oposição apresenta delegação -

Paralelamente aos combates, o principal grupo de oposição síria apresentou, neste domingo, os 21 membros de sua delegação para as negociações de paz programadas para 20 de fevereiro, sob mediação da ONU.

Dez representantes dos rebeldes estão incluídos nesta delegação do Alto Comitê de Negociações (HCN), cuja composição foi decidida em uma reunião de dois dias em Riad, na Arábia Saudita.

O grupo será presidido por Nasr al-Hariri, um cardiologista de 40 anos originário da cidade de Deraa, no sul da Síria.

Membro da Coalizão Nacional de oposição, o principal grupo de oposição, ele substitui Assaad al-Zoabi, que presidiu a delegação opositora nas precedentes negociações de Genebra - em fevereiro, março e abril.

O negociador-chefe será o advogado Mohammad Sabra. Próximo da Turquia, ele dirige o partido al-Jumuhariya (a República), formado em Istambul, em 2014.

Ele substitui Mohammad Alluche, representante do Jaysh al-Islam (Exército do Islã), poderoso grupo rebelde na região de Damasco.

Este grupo não participará nas negociações, enquanto liderou em janeiro a delegação rebelde para as discussões em Astana, organizadas sob os auspícios da Rússia e da Turquia.

Nem ele nem seu grupo figuram na delegação da oposição em Genebra, sem qualquer explicação.

Entre os grupos rebeldes estão o Exército Sírio Livre (ESL) do norte e do sul do país, bem como Fayaq al-Rahman, uma facção islamita atuante nos subúrbios de Damasco, e Liwa Sultan Mourad, grupo próximo da Turquia e presente no norte.

Os opositores do Grupo de Moscou, incluindo o ex-ministro Qadri Jamil, e aqueles do Grupo do Cairo, formados por opositores independentes, entre eles o ex-porta-voz do ministério sírio das Relações Exteriores Jihad Makdissi, negaram fazer parte da delegação do HCN, como este último afirmava.

"Isso não é verdade. Não há nenhum representante oficial do Grupo do Cairo na delegação do HCN. Nós temos a nossa delegação e esperamos ver o que o representante da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, vai fazer e para quem irá enviar os convites", declarou à AFP Makdissi.

O mesmo foi dito por Qadri Jamail. "Não houve nenhuma consulta a este respeito com a gente, embora nossos amigos do Grupo do Cairo tenham enviado uma carta ao HCN para solicitar uma reunião urgente para formar uma delegação conjunta, mas ficou sem resposta. O HCN formou sua delegação unilateralmente", disse à AFP.

Em reuniões anteriores, Staffan de Mistura assumiu o papel de mediar o diálogo entre o HCN, representantes do grupo de Moscou e os do Grupo do Cairo.

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