Um porta-voz de Emmanuel Macron, candidato de centro à Presidência da França, acusou nesta terça-feira a Rússia de propagar boatos em meios de comunicação estatais russos para prejudicar sua campanha, o que o Kremlin nega.
Benjamin Griveaux, porta-voz de Emmanuel Macron, acusou o Kremlin de realizar uma "campanha de descrédito" contra o ex-ministro da Economia de François Hollande, de 39 anos, fervoroso defensor da União Europeia (UE), que continua subindo nas pesquisas a menos de três meses das eleições.
"O Kremlin escolheu seus candidatos, François Fillon e Marine Le Pen", afirmou Griveaux diante das câmeras da emissora iTELE, em referência, respectivamente, ao candidato conservador do Les Républicains que defende um diálogo mais próximo com a Rússia e a líder do partido de extrema-direita e anti-UE Front National.
E para isso, acrescentou, "promovem estes dois candidatos nos meios de comunicação estatais". Em sua mira está a agência de notícias Sputnik e a emissora Russia Today (RT), "dois sites 100% financiados pelo Kremlin e que, objetivamente, realizam uma campanha de descrédito contra a candidatura de Emmanuel Macron".
Estes meios de comunicação russos, muito presentes na internet, foram acusados de lançar ataques contra a candidata democrata Hillary Clinton para favorecer seu adversário Donald Trump, outro partidário da aproximação com Moscou.
Destinados a um público internacional, estes meios de comunicação divulgam, segundo seus críticos, "propaganda" a favor dos interesses russos em temas relevantes como a guerra na Síria e o futuro da União Europeia.
"Não deixaremos que a Rússia desestabilize as presidenciais na França!", urgiu o secretário-geral do movimento de Macron, En Marcha!, Richard Ferrand, em um artigo no jornal Le Monde, no qual reiterou as acusações contra Moscou, a RT e Sputnik.
Ambos os meios "estão empenhados em divulgar boatos difamatórios sobre Emmanuel Macron", que na semana passada desmentiu rumores sobre ter um caso com um homem.
Assim como a RT e Sputnik, o Kremlin negou nesta terça-feira as acusações de ingerência tachando-as de "absurdas".
"Não temos e nunca tivemos a intenção de importunar os assuntos internos de um país, muito menos tratando-se de seu processo eleitoral", declarou a jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A equipe de Macron denuncia também ter sido alvo de 4.000 ciberataques no último mês.
"Estão tentando entrar no nosso sistema para recuperar dados de nossos 185.000 apoiadores para acessar e-mails que trocamos e obter informação confidencial sobre a estratégia de campanha", detalhou Griveaux.
A Agência Nacional de Segurança de Sistemas de Informática (Anssi) havia alertado no fim de dezembro sobre o risco de ciberataques por motivos políticos durante a campanha presidencial na França.