Um comboio de ajuda humanitária que se dirigia a zonas sitiadas da Síria foi interceptado por homens armados que saquearam os alimentos e maltrataram os motoristas, dias antes do início das negociações de paz, indicou a ONU nesta quarta-feira.
Somente três comboios conseguiram chegar às cidades tomadas pelos rebeldes nestes últimos meses, o que o responsável das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, descreveu como uma taxa de assistência de "zero ou quase zero" aos sírios que vivem nas zonas cercadas.
Esta semana, outros dois comboios se dirigiram a Waer, uma cidade tomada pelos rebeldes no centro do país, mas um deles teve que dar a volta por causa da presença de atiradores de elite ao longo da estrada.
No dia seguinte, bombardeios e disparos impediram novamente os caminhões de chegarem à cidade, e no caminho de retorno o comboio foi desviado por homens armados até "uma zona tomada pelas forças governamentais", segundo O'Brien.
"Os motoristas e os caminhões foram temporariamente retidos e vários motoristas foram maltratados e liberados depois, sem a ajuda humanitária", acrescentou o diplomata da ONU.
A Organização das Nações Unidas pediu na semana passada ao governo sírio de Bashar al-Assad que deixasse a ajuda humanitária chegar a Waer, o que teria constituído "um gesto de boa vontade" antes do início de uma nova rodada de negociações na quinta-feira em Genebra.
O'Brien lamentou "a indiferença flagrante da proteção dos trabalhadores humanitários" e afirmou que continuarão os esforços para chegar a Waer, onde 50.000 civis não recebem nenhuma ajuda há quatro meses.
Mais de 310.000 pessoas morreram na guerra da Síria, que entrará no mês que vem em seu sétimo ano, e mais da metade da população, cerca de 13 milhões de pessoas, estão deslocadas.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, confessou que não esperava grandes avanços nas próximas negociações de paz, as primeiras desde as de abril de 2016 entre o governo sírio e uma oposição enfraquecida.
.