Donald Trump anunciou no sábado que não participará do tradicional jantar de correspondentes estrangeiros da Casa Branca - um evento organizado pela imprensa que costuma contar com a presença dos presidentes americanos.
O jantar de gala acontece todo ano em um hotel de Washington e reúne os nomes de mais alto perfil da imprensa, do mundo político americano, além de celebridades. Instituído em 1921, o evento permite ao presidente dos Estados Unidos pronunciar um discurso, no qual ri de si mesmo, cheio de sarcasmo, e faz piada de seus adversários políticos.
Em 2011, Donald Trump participou do jantar e foi alvo das brincadeiras do então presidente Barack Obama. Um episódio considerado crucial pelos analistas na decisão do magnata republicano de disputar a Casa Branca.
A Associação de Correspondentes da Casa Branca, que organiza o jantar para arrecadar fundos para financiar bolsas de jornalismo, anunciou que o evento acontecerá como está previsto. "O jantar foi e continuará sendo uma celebração da Primeira Emenda (sobre a liberdade de expressão) e do importante papel desempenhado pelos meios independentes em uma república saudável", escreveu no Twitter o presidente da associação, Jeff Mason.
A última vez que um presidente não compareceu ao evento foi em 1981, quando Ronald Reagan se recuperava do tiro que recebeu em uma tentativa de assassinato.
Trump atacou com frequência a grande imprensa durante a campanha eleitoral e intensificou sua atitude como presidente. Ele atacou o New York Times neste domingo por um comercial do jornal que será exibido durante a cerimônia do Oscar, com a afirmação de que "a verdade é mais importante agora do que nunca".
"Pela primeira vez o decadente @nytimes vai exibir um comercial (um ruim) para tentar salvar sua reputação em queda. Tente informar de maneira precisa e justa!", Trump escreveu no Twitter.
Desde sua chegada ao poder, há um mês, Trump mantém tensas relações com a imprensa. Além de atacar o que considera "veículos desonestos", já acusou vários deles de serem "inimigos do povo americano". Na sexta-feira, representantes do jornal The New York Times, da rede CNN, do Los Angeles Times e do site Politico foram barrados da entrevista coletiva diária com o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Outros mais próximos ao poder, como o site Breitbart ou One America News, foram recebidos sem problemas. O encontro, que permite perguntas sobre as questões do dia, não aconteceu na sala de imprensa diante das câmeras, como é habitual, e sim no gabinete de Spicer, um fato raro.
O jornal The New York Times denunciou que a decisão foi um "insulto aos ideais democráticos" e a CNN a chamou de "inaceitável".