A Grande Barreira de Coral australiana pode nunca se recuperar do branqueamento de corais causado pelo aquecimento global no ano passado, revela nesta quarta-feira um estudo, que pede uma ação urgente diante dos esforços de conservação ineficazes.
Temperaturas recordes em 2015 e 2016 levaram a um episódio de branqueamento sem precedentes, que ocorre quando corais estressados expelem as algas que vivem em seu tecido e fornecem alimentos a eles.
O coral branqueado é mais suscetível a doenças e, sem tempo suficiente para se recuperar - o que pode levar uma década ou várias dependendo da espécie -, pode morrer.
Para o novo estudo, publicado na revista científica Nature, uma equipe internacional examinou o impacto de três grandes eventos de branqueamento - em 1998, 2002 e 2016 - sobre o comprimento total do recife, de 2.300 quilômetros.
Os pesquisadores descobriram que em 2016, a proporção de recifes que experimentaram branqueamento extremo foi mais de quatro vezes maior do que nos dois episódios anteriores.
Somente 9% escaparam totalmente do branqueamento, em comparação com mais de 40% em 2002 e 1998.
De acordo com os pesquisadores, as chances da Grande Barreira de Coral retornar à sua estrutura pré-branqueamento "são pequenas, dada a escala dos danos que ocorreram em 2016 e a probabilidade de que um quarto evento de branqueamento ocorra na próxima década ou na seguinte, enquanto as temperaturas globais continuam subindo".
No início deste mês, os pesquisadores alertaram que o recife estava experimentando um segundo ano consecutivo sem precedentes de branqueamento.
A proteção local do recife "oferece pouca ou nenhuma resistência" ao calor extremo, escreveram os cientistas.
Os esforços atuais se concentram na melhoria da qualidade da água e na gestão das pescas, mas "mesmo os recifes mais protegidos e as áreas quase puras são altamente susceptíveis ao estresse térmico severo", disseram.
As descobertas têm implicações importantes para os esforços de conservação dos recifes de corais.
"Reforçar a resiliência se tornará mais desafiador e menos eficaz nas próximas décadas, porque as intervenções locais não tiveram nenhum efeito discernível na resistência dos corais ao estresse térmico extremo", disse o estudo.
A única solução, argumentaram os pesquisadores, é a "ação urgente e rápida" para limitar o aquecimento global que, segundo previsões, deve aumentar ainda mais as temperaturas da água e as mortes de corais.
No Acordo de Paris, adotado em dezembro de 2015, 195 países se comprometeram a limitar o aquecimento global médio abaixo de 2ºC, em relação aos níveis pré-industriais, reduzindo a queima de combustíveis fósseis.
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