Jornal Estado de Minas

Rosetta registra deslizamento de terra em cometa no espaço profundo

Os deslizamentos de terra não são exclusivos do nosso planeta, disseram pesquisadores nesta terça-feira.

Em 2015, a sonda europeia Rosetta fotografou um grande deslizamento na superfície de um cometa no espaço profundo e escuro, afirma um artigo publicado na revista Nature Astronomy.





O desmoronamento de um rochedo gerou cerca de 2.000 toneladas de escombros, 99% dos quais se assentaram ao pé do precipício. O resto foi expelido em um jato de poeira espetacular.

Na primeira evidência direta de um deslizamento em um cometa, a Rosetta registrou imagens de uma rachadura de 70 metros de comprimento e um metro de largura na borda de um penhasco chamado Aswan.

Os cientistas foram alertados sobre o possível colapso em julho de 2015 por uma grande pluma de poeira ejetada do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que a Rosetta orbitava na época, e rastrearam sua origem, até chegar ao Aswan.

Cinco dias depois, a câmera OSIRIS do orbitador observou uma borda "nova, afiada e brilhante" no penhasco de Aswan, onde a rachadura estava antes.

O local - seis vezes mais brilhante do que a superfície empoeirada do cometa - era o interior recém-exposto, puro e gelado do cometa.

A missão Rosetta tinha observado várias explosões anteriores, e os cientistas formularam a hipótese de que elas poderiam ser o resultado do desmoronamento de rochedos.





Mas o estudo documenta "a primeira ligação inequívoca entre uma explosão e um colapso de penhasco em um cometa", escreveu a equipe.

Lançada em 2004, a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, percorreu mais de seis bilhões de quilômetros para chegar ao cometa 67P, a cerca de 400 milhões de quilômetros da Terra.

Em novembro de 2014, a Rosetta lançou um pequeno robô chamado Philae na superfície do cometa para investigar seu corpo sob todos os ângulos.

Os cientistas acreditam que os bilhões de cometas que viajam em órbitas elípticas em torno do Sol são sobras do nascimento de nosso sistema planetário, há 4,6 bilhões de anos.

No 67P, a missão Rosetta descobriu moléculas orgânicas, os blocos de construção da vida.

Isto apoiou a teoria de que os cometas ajudaram a gerar a vida na terra ao entregar materiais orgânicos quando colidiram com o nosso planeta.

A missão concluiu, por outro lado, que era improvável que a água tivesse vindo de cometas do tipo do 67P.