O opositor russo Vladimir Kara-Murza, duas vezes envenenado em Moscou nos últimos anos, discursou nesta quarta-feira no Congresso americano e pediu que o país continue apoiando a sociedade civil russa.
O vice-presidente do movimento Open Russia fez referência a diversos militantes e opositores ao governo russo mortos nos últimos anos diante de senadores republicanos como John McCain e Lindsey Graham, dois dos maiores críticos de Vladimir Putin em Washington.
"Às vezes ocorre um milagre, e um deles está hoje diante de vocês", declarou Kara-Murza, que narrou os dois envenenamentos dos quais foi vítima, em maio de 2015 e em fevereiro deste ano. Ele sobreviveu a um coma e deixou seu país em 19 de fevereiro para ser atendido por médicos.
Este russo de 35 anos aparentava boa saúde e falou em inglês fluente para a Comissão de Recursos do Senado. Sua esposa estava ao seu lado.
Ele pediu que os Estados Unidos continuem seus programas de diplomacia pública e intercâmbios, assim como mantenha o apoio aos meios de comunicação em russo.
Também solicitou a Washington que permaneça aplicando a lei Magnitski, aprovada em 2012, que hoje sanciona 40 russos por "graves violações dos direitos humanos".
Kara-Murza esteve em coma no início de fevereiro depois de ter sido envenenado com uma "substância desconhecida", segundo seu advogado, um acidente semelhante ao de 2015, quando também esteve à beira da morte. Na ocasião, os médicos encontraram em seu sangue vestígios de uma intoxicação por metais pesados.
Próximo ao líder opositor Boris Nemtsov, assassinado em 2015, Kara-Murza era, até o ano passado, o vice-presidente do partido liberal de oposição Parnas.