A Comissão Europeia quer realizar controles no Brasil "o quanto antes e no mais tardar até meados de maio", anunciou nesta segunda-feira o comissário europeu de Segurança, Vytenis Andriukaitis, durante um debate na Eurocâmara sobre o escândalo da carne brasileira.
"A proteção do consumidor é o fator determinante.
Em sua intervenção, o comissário defendeu a gestão por parte da UE, que se inteirou do caso "pela imprensa, não pelos canais oficiais", e reiterou que não descartam adotar novas medidas depois que avaliaram o resultado dos controles reforçados e a resposta das autoridades brasileiras.
A maioria dos eurodeputados expressou, contudo, sua preocupação pelo impacto do escândalo na confiança dos consumidores. Embora alguns tenham pedido a paralisação das negociações comerciais em curso com os países do Mercosul, outros parlamentares, especialmente do sul da Europa, descartaram qualquer vínculo entre esse escândalo e as negociações.
Para o social-democrata húngaro Tibor Szanyi, este caso seria "mais do que suficiente" para "interromper as negociações com o Mercosul", embora seu companheiro de grupo, o italiano Nicola Danti, tenha argumentado que isso "não pode ser instrumentalizado como uma desculpa para terminar com o acordo".
"Não se trata de uma guerra comercial, não se trata de protecionismo, o que está em jogo é saúde alimentar", respondeu o comissário europeu, que defendeu "controles que funcionem", em Brasília e na UE.
Andriukaitis, que não informou o volume de carne afetada pelo escândalo e importada pelo bloco como pediam os eurodeputados, lembrou que os intercâmbios comerciais entre Brasil e UE "acontecem no contexto da Organização Mundial de Comércio (OMC)".
"O acordo futuro com Mercosul não poderá minar nossas exigências altíssimas para as exportações procedentes de países do Mercosul. (...) Não vamos autorizar importações de produtos alimentares se não cumprirem com nossas exigências de segurança alimentar", acrescentou.
Após o escândalo da operação "Carne Fraca", a Comissão Europeia indicou que somente quatro dos 21 estabelecimentos envolvidos tinham autorização para exportar à UE, uma licença que as autoridades brasileiras suspenderam a pedido de Bruxelas.
Em 2016, a UE importou do Brasil cerca de 486 milhões de dólares de carne bovina, assim como 165 milhões de dólares de aves confinadas, segundo dados da Comissão.
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