Os Estados Unidos ameaçaram a Síria nesta quinta-feira com uma resposta militar após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou indignação na comunidade internacional.
A decisão de Washington de atacar o regime sírio de Bashar al Assad pode depender do voto do Conselho de Segurança da ONU, previsto para a noite desta quinta-feira, sobre o projeto de resolução dos países ocidentais, que a Rússia deve vetar.
"O que Assad fez é terrível", disse o presidente dos EUA, Donald Trump.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, prometeu "uma resposta apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas internacionais".
"O papel de Assad no futuro é incerto com os atos que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês, Xi Jinping.
Um funcionário americano revelou que o Pentágono apresentava à Casa Branca uma série de possíveis ações militares que os Estados Unidos poderiam adotar em resposta ao suposto ataque químico na Síria.
O funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada, disse que algumas propostas incluem ataques à Força Aérea síria em terra.
O chefe do Pentágono, Jim Mattis, apresentava as alternativas a Trump e ao seu gabinete a pedido da Casa Branca, acrescentou a fonte, enfatizando que por enquanto não foram tomadas decisões.
Mattis comunicou-se constantemente com o conselheiro de Segurança Nacional do presidente, H.R. McMaster.
Simultaneamente, navios de guerra americanos armados com mísseis de cruzeiro Tomahawk cruzavam o Mediterrâneo oriental, precisou um responsável da Defesa.
Trump advertiu na quarta-feira que o regime de Bashar al Assad tinha cruzado os limites com o suposto ataque químico que deixou 86 mortos - incluindo vinte crianças -, e o qualificou de "afronta à humanidade".
Até agora o Pentágono propôs uma série de ações militares na Síria, enquanto as forças americanas bombardearam o grupo Estado Islâmico no norte do país desde 2014.
No entanto, uma reviravolta que ponha no alvo o governo de Assad seria uma mudança fundamental na guerra da Síria desde que teve início em 2011.
Há apenas uma semana, a diplomata americana na ONU, Nikki Haley, declarou que a saída de Assad do poder não estava entre as "prioridades" de Washington.
- Consequências imprevisíveis -
A Rússia apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa aéreos russos e seu pessoal militar.
Diante deste cenário, a Rússia enviou mais assessores militares à Síria.
O papel de Moscou na votação do Conselho de Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma investigação completa do caso pode ser chave.
A Rússia já antecipou que rejeita o projeto, que qualificou de "inaceitável".
Moscou apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão sobre o governo sírio para que colabore com a investigação.
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu antes de uma completa investigação.
Putin considerou "inaceitável" fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de "incidente com armas químicas".
Durante o dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin.
O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de seu governo em ataque com arma química.
"O Exército sírio não utilizou, não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus morteiros".
.