Cidade do Vaticano, 16 - O papa Francisco lamentou os horrores gerados pela guerra e o ódio ao divulgar sua mensagem de Páscoa, na qual também condenou o mais recente ataque a civis na Síria, chamado de "vil" pelo pontífice.
Tanto em sua homilia improvisada durante missa na praça São Pedro como na mensagem formal de Páscoa "Urbi et Orbi" ("para a cidade e o mundo"), Francisco refletiu sobre diversas formas de sofrimento no mundo, incluindo guerras, regimes opressores, tráfico de pessoas, corrupção, fome e violência doméstica.
O papa encorajou pessoas a entregarem seus "corações temerosos" à fé.
Mais de 60 mil pessoas passaram por pesadas revistas de segurança contra o terrorismo para receberem a bênção papal. A multidão foi menor do que a do ano passado, quando, segundo forças de segurança do Vaticano, 100 mil se reuniram no domingo de Páscoa.
Francisco pediu que Deus sustente aqueles que trabalham para confortar e ajudar à população civil na Síria. Ele mencionou a explosão deste sábado no país, a qual matou mais de 100 pessoas.
"Ontem ocorreu o mais recente e vil ataque a refugiados sendo transferidos", disse o papa, que pediu paz também para a Terra Santa, o Iraque e o Iêmen.
Francisco tem repetidamente defendido a dignidade de imigrantes que fogem de áreas de guerra, perseguição e pobreza. Neste domingo, ele relembrou "todos aqueles forçados a deixarem suas casas como resultado de conflitos armados, ataques terroristas, fome e regimes opressivos".
O primeiro pontífice latinoamericano da Igreja Católica mencionou preocupação com "tensões políticas e sociais' no mundo, assim como com a "praga da corrupção" em seu continente de origem. Ele mencionou ainda hostilidades e fome em partes da África.
Falando dos problemas da Europa, Francisco citou o contínuo conflito na Ucrânia e pediu esperança para aqueles lidando com o alto desemprego, em especial os jovens.
Tradicionalmente, o papa não dá a homilia durante a missa de Páscoa no final da manhã, guardando suas reflexões para a mensagem solene "Urbi et Orbi", realizada ao meio dia.
Francisco quebrou a tradição, dando uma homilia informal durante a missa para tentar responder aquilo que ele descreveu como uma pergunta incômoda para muitos fiéis: por que existem tantas tragédias e guerras no mundo se Jesus voltou dos mortos, uma crença que os cristãos celebram toda Páscoa.
"A Igreja nunca deixa de dizer, ao ser colocada diante de derrotas e de nossos corações fechados e cheios de medo: 'pare, o Senhor levantou'. Mas, se o Senhor ressuscitou, como podem ocorrer essas coisas?", disse Francisco citando acidentes, doenças, tráfico de pessoas, vingança e ódio.
"Ninguém nos pergunta: 'mas você está feliz com tudo o que está ocorrendo no mundo?'", disse. "Você está disposto a seguir em frente carregando uma cruz como Jesus fez?", perguntou aos fiéis.
A Páscoa, disse Francisco, não é apenas "uma festa bonita cheia de flores". "É mais que isso", afirmou, descrevendo a ocasião como um momento para refletir sobre o mistério da fé.
O papa afirmou que a Páscoa traz "um sinal no meio de muitas calamidades: um senso de olhar para frente, de dizer não olhe para um muro quando há um horizonte, há vida e há alegria. Fonte: Associated Press.