O candidato centrista à presidência da França, Emmanuel Macron, que admitiu que a vitória não está garantida no segundo turno de 7 de maio, faz campanha nesta quarta-feira no reduto de sua adversária de extrema-direita, Marine Le Pen.
O ex-executivo do setor bancário de 39 anos se reunirá com os funcionários da empresa Whirlpool em Amiens (nordeste), ameaçados por uma transferência da empresa para a Polônia, antes de viajar até Arras (norte), onde participará de uma reunião pública.
As regiões norte e nordeste da França, afetadas pelo desemprego, votaram em peso na candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, de 48 anos.
Le Pen, que ficou atrás de Macron no primeiro turno ao receber 21,3% dos votos, contra 24% para o centrista, decidiu intensificar as mensagens para tentar conquistar os votos dos eleitores do conservador François Fillon e do candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, terceiro e quarto colocados na votação de domingo.
A candidata anti-imigração e antieuro tem agendada nesta quarta-feira uma reunião a portas fechadas com seu conselho estratégico, antes de viajar na quinta-feira a Nice.
Esta cidade do sudeste da França é um reduto da direita, que deu mais votos no domingo a Fillon que a Le Pen, apesar dos problemas judiciais do candidato do partido Os Republicanos, indiciado por desvio de recursos públicos em um caso de supostos empregos fantasmas para a mulher e dois de seus filhos.
A aspirante da extrema-direita, que de acordo com todas as pesquisas será derrotada no segundo turno presidencial, precisa encontrar argumentos para atrair eleitores normalmente afastados de seu discurso político.
"Quero reunir todos os patriotas, de direita e de esquerda, não me importa como votaram no primeiro turno", afirmou na terça-feira à noite em uma entrevista ao canal TF1.
Para concretizar o sonho no dia 7 de maio, Marine Le Pen precisa ao menos dobrar o número de votos que recebeu no primeiro turno (7,69 milhões), caso o índice de participação permaneça o mesmo.
- Mobilização -
O atual presidente, o socialista François Hollande, que pediu voto para Macron, com o objetivo de impedir o avanço da extrema-direita na França, prossegue com as advertências.
Nesta quarta-feira, ele pediu a todos os ministros que entrem na campanha para fazer com que a candidata da ultradireita "obtenha o menor resultado possível" no segundo turno, informou um membro do gabinete.
"É essencial que estejamos completamente mobilizados nesta campanha", disse Hollande, de acordo com a fonte, antes de afirmar: "Mais que nunca devemos rejeitar a banalização da Frente Nacional".
Macron, que pode se tornar o presidente mais jovem da história da França, recebeu o apoio dos principais candidatos à presidência, e inclusive do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que o felicitou pelo resultado no primeiro turno.
O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que ficou em quarto lugar no primeiro turno com 19,58% dos votos, foi o único dos principais aspirantes à presidência que não se pronunciou contra a extrema-direita.
Membros do Partido Socialista fizeram um apelo para que o candidato do partido "França Insubmissa" entre na campanha.
"Quando você é de esquerda, não tergiversa. Entramos imediatamente no combate contra a Frente Nacional", declarou o presidente do PS, Jean-Christophe Cambadélis.
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