Ismaïl Haniyeh é eleito líder do Hamas palestino

AFP

O ex-primeiro-ministro palestino Ismaïl Haniyeh foi eleito neste sábado à frente do gabinete político do Hamas, no poder na Faixa de Gaza, anunciaram os veículos de comunicação do movimento islamita.

"O conselho da Shura do Hamas elegeu neste sábado Ismaïl Haniyeh como chefe do gabinete político do movimento", relataram os meios de comunicação.

Nascido em 1963, Haniyeh sucede Khaled Mechaal, que cumpriu o máximo de dois mandatos autorizados pelo movimento.

Ele venceu esta eleição contra Mussa Abu Marzuk e Mohamed Nazzal, após uma votação por videoconferência dos membros da Shura em Gaza, na Cisjordânia e fora dos territórios palestinos.

Um porta-voz do Hamas em Doha, o exilado Khaled Mechaal, confirmou a eleição de Haniyeh.

Ao contrário de seu predecessor que vivia no exílio no Catar, Haniyeh permanecerá no pequeno enclave, sob bloqueio israelense há mais de uma década, para dirigir o Hamas.

Segundo Leila Seurat, pesquisadora no Centro de Pesquisas Internacionais (CERI) de Paris e especialista no Hamas, "esta eleição marca uma ruptura, porque pela primeira vez um líder de Gaza é eleito".

Ela nota que, desde a época do chefe espiritual do Hamas xeque Yassin, os líderes se instalavam fora dos territórios palestinos.

O anúncio da nova liderança do Hamas acontece apenas alguns dias após o movimento anunciar pela primeira vez em sua história uma mudança em seu programa político, dizendo aceitar um Estado palestino limitado às fronteiras de 1967.

O texto também insiste sobre o caráter "político" e não "religioso" do conflito com Israel, refletindo o pragmatismo de Haniyeh.

Embora sem reconhecer o Estado judeu, o Hamas estima que "um Estado palestino plenamente soberano e independente dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém como capital, (...) é uma fórmula de consenso nacional".

O Estado hebreu, que combateu o Hamas em três guerras entre 2008 e 2014, os Estados Unidos e a União Europeia consideram este movimento como um grupo "terrorista".

De acordo com especialistas, com as mudanças realizadas em seus textos fundadores, denunciados por muitos como "antissemitas", o Hamas tenta voltar para o jogo das negociações internacionais.

"Mechaal já havia aberto uma nova fase de abertura à comunidade internacional. Haniyeh vai continuar neste caminho", afirmou neste sábado à AFP Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas em Gaza.

Essas mudanças nos Hamas acontecem no momento em que p presidente palestino, Mahmud Abbas, líder do Fatah, o movimento rival ao Hamas, é severamente criticado pelos palestinos, que denunciam a corrupção nas instituições.

Enquanto as negociações de paz entre israelenses e palestinos estão paralisadas, Abbas reuniu-se pela primeira vez esta semana em Washington com o seu homólogo americano Donald Trump, que mostrou seu otimismo sobre um acordo, mas sem dizer nada de concreto.

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