Justiça italiana confirma 16 anos de prisão a ex-capitão do Costa Concordia

AFP

O Tribunal Supremo italiano confirmou nesta sexta-feira, em Roma, a pena de 16 anos e um mês ao ex-capitão do navio de cruzeiro Costa Concordia, Francesco Schettino, pelo naufrágio da embarcação, no qual morreram 32 pessoas em 2012.

Apelidado de "capitão covarde", Schettino, de 56 anos, não compareceu à audiência e se apresentou imediatamente à prisão romana de Rebibbia para cumprir a pena.

Schettino foi condenado em primeira instância em fevereiro de 2015 por homicídio, naufrágio e abandono da embarcação, em um julgamento iniciado em julho de 2013 no tribunal de Grosseto (Toscana).

O tribunal de apelação confirmou em maio de 2016 a condenação de 16 anos e um mês de prisão.

Contudo, o capitão permaneceu em liberdade durante todo o processo de apelação, e cumpriu apenas seis meses de prisão domiciliar em 2013, o que indignou as famílias das vítimas.

"Espero que com o veredito de hoje esse caso seja encerrado e que Schettino cumpra sua condenação", pediu Alessandra Guarini, advogada da parte civil.

Saverio Senese, advogado de Schettino, declarou à imprensa que avisou a decisão da justiça por telefone ao seu cliente, que aguardava em frente à prisão de Rebbibia, na periferia de Roma.

"Há um certo armagor, porque ele é o único a pagar.

Como sempre na Itália, há bodes expiatórios que pagam. Mas ele disse: 'acredito na justiça, as decisões devem ser respeitadas, vou me apresentar como prisioneiro", declarou o advogado.

Enquanto vários meios de comunicação aguardavam em frente à casa do ex-capitão em meta di Sorrento, perto de Nápoles, Schettino escolheu esperar sozinho e distante das câmeras a decisão dos juízes.

Visivelmente decepcionados, seus advogados declararam que vão estudar a decisão e não hesitarão em levar o caso à justiça europeia.

O "Costa Concordia" bateu em uma rocha na noite de 13 de janeiro de 2012, quando o capitão decidiu aproximar-se da ilha toscana de Giglio, numa manobra arriscada.

O navio de cruzeiro naufragou a dezenas de metros de Giglio com 4.229 pessoas a bordo, incluindo 3.200 turistas. Trinta e duas pessoas morreram na tragédia.

O navio foi recuperado e transportado em julho de 2014 até o porto de Gênova para ser desmontado.

A decisão do comandante de abandonar o navio, quando centenas de passageiros estavam a bordo, indignou a Itália, que não o perdoa por violar a regra fundamental da navegação.

Schettino, único acusado pela tragédia, tentou defender sua atitude durante esses anos.

"Nesse 13 de janeiro de 2012 eu também morri", confessou entre lágrimas em 2015.

Schettino acusa o poderoso grupo americano Carnival, proprietário do Costa Concordia, de ter decidido "oferecer minha cabeça, a fim de proteger seus interesses econômicos".

A companhia foi condenada em abril de 2013 a pagar uma multa de um milhão de euros após uma negociação na qual reconheceu sua responsabilidade administrativa, evitando assim um processo penal.

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