A diretora em fim de mandato da Organização Mundial da Saúde (OMS), a chinesa Margaret Chan, defendeu nesta segunda-feira sua trajetória de 11 anos à frente da agência da ONU, considerando que o mundo está "mais bem preparado", mas "não o suficiente", para responder a epidemias.
"O mundo está mais bem preparado, mas certamente não o suficiente", disse Chan na abertura da 70ª Assembleia Geral da Saúde (22 a 31 de maio), na véspera da eleição de seu sucessor pelos 194 Estados-membros da OMS.
"Eu prometi trabalhar incansavelmente e foi o que fiz", ressaltou.
Em janeiro, Chan lançou a criação de um grupo de trabalho encarregado de realizar um novo sistema para "desenvolver vacinas a um custo acessível para patógenos prioritários identificados pela OMS".
"A cronologia do HIV, da tuberculose e das epidemias da malária indicam relações diretas e existentes entre as mudanças nas estratégias técnicas da OMS e a transformação na situação da doença", afirmou.
Ela menciou a queda dos preços de alguns medicamentos, como àqueles para o tratamento da hepatite C e do HVI, e a queda na mortalidade maternal le infantil.
Além disso, Chan também elogiou o trabalho da OMS na luta contra doenças tropicais negligenciadas, o que permitirá eliminar um grande número delas em um "futuro muito próximo".
Ela também observou que a OMS tem "conseguido progressos científicos e tornou-se mais democrática".
A respeito disto, recordou o trabalho da OMS na luta contra o vírus ebola no oeste africano.
A terrível epidemia atingiu esta área do planeta entre o final de 2013 e 2016 e causou mais de 11.300 mortes entre os cerca de 29.000 casos relatados.
"A OMS foi capaz de controlar as três cepas e dar ao mundo a primeira vacina contra o ebola, que representa uma proteção importante. Isto aconteceu sob a minha supervisão e eu sou pessoalmente responsável", disse ela.
Durante a epidemia, a OMS foi criticada pela falta de decisão contra a gravidade da crise, já que meses foram perdidos antes de declarar guerra contra o ebola. Nesta segunda-feira, Chan reconheceu que "o surto pegou todos, incluindo a OMS, de surpresa".
Na terça-feira, pela primeira vez, os Estados-membros da OMS vão poder escolher entre três opções, todos doutores em medicina, quem irá substituir Chan.
Três candidatos foram indicados pelo Conselho executivo: o britânico David Nabarro, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus e a paquistanesa Sania Nishtar.
O próximo chefe da OMS assumirá em 1º de julho e deverá superar vários desafios, como ressaltou Chan, da luta contra o tabaco à obesidade.
"E as perspectivas políticas e econômicas são menos encorajadoras do que quando assumi em 2007", acrescentou.
"Somos confrontados a um mundo de ameaças, com combinações mortais tais quais a seca e os conflitos armados que mergulharam partes da África e do Oriente Médio numa fome em escala jamais vista desde a fundação das Nações Unidas em 1945", ressaltou.
A política esteve nesta segunda-feira no centro das discussões. Em razão da rejeição de Pequim, Taiwan não foi autorizado a participar dos trabalhos como observador como fez desde 2009.
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