A atriz de origem árabe-mexicana Salma Hayek, de 50, mostrou seu lado mais camaleônico no Festival de Cannes, ao exibir três cores de cabelo nas últimas 24 horas: rosa, preto e castanho.
Na segunda-feira (22), Salma participou de um jantar com outras estrelas, usando um cabelo rosa ondulado. Nesta terça-feira (23) pela manhã, exibiu um corte de cabelo preto liso e comprido, durante bate-papo sobre o lugar da mulher na indústria do cinema. À noite, a atriz desfilou pelo tapete vermelho do festival, apresentando cabelo castanho, na altura dos ombros.
Hayek, que já estrelou filmes como "Frida" (2002) e "A Balada do Pistoleiro" (1995), está em Cannes acompanhada do marido, o magnata francês François-Henri Pinault.
Mais cedo, ela revelou, durante um fórum sobre as mulheres no mundo do cinema, à margem da mostra francesa, não ter tido um começo de carreira fácil: por ser mulher e árabe-mexicana, "todo mundo ria" do seu sonho de ser atriz.
"Cheguei a Hollywood não só como mulher, mas como árabe-mexicana. As pessoas riam de mim por ter o sonho de trabalhar" como atriz, disse Hayek, de 50 anos, filha de pai libanês.
"Era a única mexicana e latina na escola de arte dramática, com exceção de Benicio del Toro, que é porto-riquenho, ou seja, meio americano, e é homem. Ninguém ria dele. Também riam de mim no México (...) Assim como todos os agentes e todos os estúdios" de cinema, acrescentou.
A atriz atacou as atitudes machistas na meca do cinema americano, onde menos de 7% dos filmes são dirigidos por mulheres.
"É verdade que se você é bonita, pode conseguir papéis mais facilmente, mas é muito violento ter que assumir que se você é bonita, forçosamente é estúpida", acrescentou. E em Hollywood, "se dão conta de que você é inteligente, então sua raiva multiplica".
Para muitos, as atrizes são como objetos, denunciou a atriz.
"Dizem 'vamos trazer um mico' e o mico vem e dizem, 'oh, no melhor das hipóteses faremos dinheiro com ele'.
Produtores e outros pesos-pesados de Hollywood "não se dão conta de que nós, mulheres, somos um grande poder econômico. Não entendem que somos um público enorme", disse.
Embora tenha comemorado que a situação das mulheres no mundo do cinema seja mais favorável, sobretudo na França, onde uma em cada quatro filmes é dirigido por elas, Hayek não se absteve de criticar também o Festival de Cannes.
"Em 70 anos de Festival de Cannes, só uma mulher ganhou a Palma de Ouro e só obteve a metade dela, pois teve que compartilhá-la com um homem", declarou.
A neozelandesa Jane Campion levou, em 1993, o prêmio máximo da mostra com o filme "O piano", em conjunto com o chinês Chen Kaige por "Adeus, minha concubina".
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