Um atropelamento na London Bridge, facadas no Borough Market e um terceiro incidente quase simultâneo no bairro de Vauxhall abalaram e assustaram a capital britânica, neste sábado à noite (3), deixando pelo menos 20 vítimas.
Depois da declaração da primeira-ministra Theresa May sobre "potencial atentado terrorista", a Polícia confirmou ataques "terroristas" na London Bridge e no Borough Market, mas ainda sem se pronunciar oficialmente sobre as vítimas. Já o episódio em Vauxhall não teria relação com os dois primeiros.
"Posso confirmar que o terrível incidente de Londres está sendo tratado como um potencial atentado terrorista", declarou May, manifestando sua solidariedade "com os que estão no meio desses acontecimentos horríveis".
Uma foto divulgada pela rede BBC mostrava dois dos potenciais agressores abatidos na frente de um bar. Um deles tinha um par de latas na cintura, semelhante a um cinturão de explosivos.
O prefeito da capital, Sadiq Khan, condenou esses "atos bárbaros".
"Vocês ainda não têm todos os detalhes, mas se trata de um ataque deliberado e covarde contra os londrinos inocentes e visitantes da nossa cidade, que aproveitavam um sábado à noite. Não há qualquer justificativa possível para esses atos bárbaros", declarou, em uma nota.
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, manifestou seu apoio pelo Twitter: "Meus pensamentos estão com as vítimas e com suas famílias. Obrigado aos serviços de emergência".
"Frente a esta nova tragédia", o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a França está "mais do que nunca ao lado do Reino Unido" e destacou que "meus pensamentos estão com as vítimas e seus entes queridos".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se pronunciou, oferecendo ajuda ao aliado europeu.
"Tudo o que os Estados Unidos puderem fazer para ajudar Londres e o Reino Unido, estaremos lá. ESTAMOS COM VOCÊS. QUE DEUS OS ABENÇOE!", tuitou Trump.
Em um comunicado, o Departamento de Estado americano também condenou esses "covardes ataques contra civis inocentes".
Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, classificou os eventos deste sábado como "terríveis".
- Pânico na capital
Em um comunicado sobre o primeiro ataque, o da London Bridge, a Polícia de Transportes disse que houve "várias vítimas" e teria envolvido "um veículo e uma faca".
"Às 22h08 (19h08, horário de Brasília), agentes de Polícia responderam a um aviso de colisão de um veículo contra os transeuntes na London Bridge", anunciou a Polícia na nota.
Os agentes também atendiam a uma segunda emergência envolvendo facadas no Borough Market, um conhecido centro perto da London Bridge, no extremo sul de Londres, informou a Polícia no Twitter.
"Além da #LondonBridge, os agentes estão respondendo a um incidente no #BoroughMarket. Temos policiais armados no local", informou a Polícia no Twitter por volta das 22h20 GMT (19h20, horário de Brasília), acrescentando que disparos foram feitos.
Em vídeos postados nas redes sociais, vê-se a Polícia entrando nos bares e nos restaurantes para ordenar às pessoas que se escondessem debaixo das mesas.
"Vim ver o que estava acontecendo e encontrei um chef que tinha sangue no ombro. Ele estava em estado de choque. Me disse que tinha sido atacado por três pessoas em seu restaurante, com facas e com facões", relatou à AFP Gerard Kavanar, de 46 anos, que mora na região.
Um terceiro incidente foi registrado em Vauxhall, bairro também localizado na capital, conforme a Scotland Yard. Vauxhall abriga a sede dos serviços de Inteligência do MI6.
Mais cedo, em sua conta no Twitter, a agência de Transportes relatou que todas as rotas para a London Bridge estavam sendo desviadas, enquanto o Serviço de Ambulâncias de Londres divulgou que "múltiplos recursos" eram enviados para esse local.
Testemunhas disseram ter visto uma van subir na calçada e atropelar pedestres. A London Bridge foi fechada nos dois sentidos. Ao longo da noite, imagens das emissoras locais mostravam viaturas de Polícia bloqueando qualquer acesso à área, além de agentes armados nas ruas.
Em outras imagens, várias pessoas caminhavam com as mãos na cabeça, por determinação da Polícia. As estações de metrô próximas também foram fechadas.
- 'Sangrava muito pelo pescoço'
A jornalista da BBC Holly Jones, que estava na ponte no momento do incidente, contou que viu uma van dirigida por um homem a "cerca de 80 quilômetros por hora". Segundo ela, pelo menos cinco pessoas foram atendidas por lesões, depois de terem sido atropeladas. Jones disse ainda que viu um homem, sem camisa, ser algemado e detido pela Polícia.
"Há vários botes da Polícia com lanternas, sondando as águas do (rio) Tâmisa agora", disse a repórter à rádio da BBC, acrescentando que dois helicópteros sobrevoavam a área.
No Twitter, o editor-chefe da revista The Spectator, Will Heaven, relatou ter visto "duas vítimas, uma na calçada e outra no meio-fio".
"É um atentado terrorista", exclamou, em pânico, a jovem Dee, de 26 anos, que não quis se identificar.
"Tinha uma van que se chocou contra as muretas da ponte", contou à AFP.
"E tinha um homem com uma faca que corria. Ele desceu as escadas e foi para um bar. É um bar francês. Não entrou no bar, estava na varanda. Estou pensando nos meus amigos. Espero que todos estejam sãos e salvos", acrescentou.
Uma outra testemunha, Alex Shellum, disse à BBC que estava em um bar na London Bridge com amigos, quando "entrou uma mulher ferida buscando ajuda. Sangrava muito pelo pescoço. Parecia que tinham cortado o pescoço dela. As pessoas tentaram conter a hemorragia".
Outra pessoa ouvida pela BBC, identificada apenas como Gerard, contou que viu um homem dando pelo menos dez facadas em uma garota. Outros disseram ter ouvido "vários disparos" na região.
Pelo Twitter, a Polícia pediu calma e que todos "se mantenham em alerta e vigilantes". A corporação divulgou outras orientações para a população: "Corra para um lugar seguro"; "se esconda, silencie o telefone, desligue a vibração, proteja-se; ligue para a Polícia para o 999 quando for seguro".
Em 22 de março passado, um homem lançou seu carro contra dezenas de pessoas na ponte de Westminster. Na sequência, ele matou a facadas um policial que estava em serviço na frente do Parlamento. Cinco pessoas morreram.
Mais recentemente, em 22 de maio, a Grã-Bretanha foi alvo de um ataque que deixou 22 mortos em Manchester, no final do show da cantora americana Ariana Grande. Nele, um jovem britânico de origem líbia se detonou, em um episódio reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Depois desse ataque, a primeira-ministra Theresa May elevou ao máximo o nível de alerta terrorista, até atingir um nível "crítico", no último sábado, o que significa que um atentado é altamente provável de acontecer.