Donald Trump criticou neste domingo o prefeito de Londres, Sadig Khan, ao acusá-lo de minimizar a ameaça terrorista, um dia depois dos atentados na capital britânica.
O prefeito de Londres decidiu ignorar a série de tuítes de Trump, enquanto seus críticos o acusaram de explorar um ataque terrorista para tentar um benefício político, algo que não fez pela primeira vez.
Um porta-voz do prefeito afirmou que Khan "tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte desinformado de Trump".
At least 7 dead and 48 wounded in terror attack and Mayor of London says there is "no reason to be alarmed!"
%u2014 Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 4 de junho de 2017
Trump criticou a tentativa do prefeito de Sadiq Khan de tranquilizar a opinião pública depois que três homens atropelaram vários pedestres com uma van na London Bridge e esfaquearam várias pessoas no sábado à noite.
"Ao menos sete mortos e 48 feridos em um ataque terrorista e o prefeito de Londres diz que 'não há motivo para alarme'", escreveu o presidente americano.
Trump escreveu que o ataque de Londres mostra que é o momento de "deixar de ser politicamente corretos" e cuidar "do problema da segurança de nosso povo".
No sábado à noite, enquanto as informações ainda eram confirmadas, o presidente americano escreveu no Twitter que os ataques ressaltavam a necessidade de uma restrição de entrada nos Estados Unidos de pessoas procedentes de vários países de maioria muçulmana.
Khan, em uma entrevista à BBC algumas horas depois dos ataques, declarou: "Minha mensagem aos londrinos e aos que visitam nossa grande cidade é que mantenham a calma e a atenção hoje. Observarão uma presença maior de policiais, incluindo oficiais de uniforme e armados. Não há razão para ficar alarmados com isto".
Na resposta a Trump, o porta-voz disse que o prefeito "tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte desinformado de Donald Trump, que tira deliberadamente de contexto suas declarações".
O embaixador americano em Londres, Lew Lukens, apoiou Khan em uma série de tuítes em que classificou como "extraordinária" a resposta dos londrinos e dos serviços de emergência.
"Recomendo a forte liderança de @MayorofLondon, que dirigiu a cidade para frente após esse ataque de ódio", disse Lukens, citado na conta do Twitter da missão americana no Reino Unido.
- "Impróprio de um chefe de Estado" -
Esta não é a primeira vez que Trump é acusado de utilizar ataques terroristas para obter um benefício político. E com os londrinos ainda em choque, as palavras do presidente americano provocaram reações fortes dos dois lados do Atlântico.
David Lammy, parlamentar do Partido Trabalhista, escreveu no Twitter: "Barato, desagradável e impróprio de um chefe Estado. O tipo de coisa que faz com que queira abandonar a política em um dia assim. O mal por qualquer lado que observamos".
Nos Estados Unidos, o ex-vice-presidente Al Gore comentou no canal CNN que não acreditar que "após um ataque terrorista como este seja o momento de criticar um prefeito que está tentando organizar uma resposta em sua cidade".
Sobre a mencionada restrição de viagens para pessoas procedentes de seis países com maioria muçulmana, que foi bloqueada por tribunais federais americanos, Cecilia Wang, vice-diretora legal da American Civil Liberties Union, escreveu no Twitter: "Temos que ficar indignados quando um presidente explora um crime terrível para fomentar sua política discriminatória e ilegal".
Em junho do ano passado, após o mortal a uma discoteca em Orlando, Flórida, Trump tuitou: "Obrigado pelas felicitações por ter razão sobre o terrorismo islâmico radical, não quero felicitações, quero dureza e vigilância. Devemos ser inteligentes!".
A mensagem irritou muitos de seus críticos, que apontaram que o momento seguinte a um atentado que deixou 49 mortos não era o adequado para um candidato à presidência alardear as felicitações recebidas.